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CRIME ORGANIZADO
Ordem quer punir CPI por ter impedido advogado de defender cliente em depoimento na 4ª
OAB vai ao Supremo contra comissão
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
A OAB (Ordem
dos Advogados do
Brasil) pediu ontem
ao STF (Supremo
Tribunal Federal)
que acione a Procuradoria Geral da República para a
abertura de inquérito contra parlamentares da CPI do Narcotráfico por prevaricação e abuso de
autoridade.
A entidade também requereu
ao STF que anule o depoimento
do advogado Arthur Eugênio Mathias, acusado de narcotráfico e
roubo de cargas, e declare nulas
eventuais provas contra Mathias
com base nas informações prestadas por ele.
Durante o depoimento, ocorrido na quarta-feira passada, a Comissão Parlamentar de Inquérito
descumpriu liminar concedida
pelo ministro do Supremo Octávio Gallotti, que assegurava ao advogado de Mathias, Laertes Torrens, o direito de se manifestar
para defender direitos do cliente.
Torrens, da Comissão de Prerrogativas e Direitos da OAB havia
sido designado pela ordem para
acompanhar o depoimento do
advogado. Foi impedido por
membros da comissão de falar.
O crime de prevaricação é cometido pelo servidor público que
retarda ou deixa de praticar ato de
ofício ou ainda o pratica em desacordo com a lei.
O Código Penal prevê pena de
três meses a um ano de detenção
para quem comete esse crime.
Uma das situações que caracterizam o abuso de autoridade é o
desrespeito a direitos e garantias
legais assegurados ao exercício
profissional (no caso da advocacia).
Caberá ao procurador-geral da
República, Geraldo Brindeiro,
identificar os parlamentares que
desrespeitaram a liminar do STF e
examinar se há evidências da
ocorrência dos crimes de prevaricação e de abuso de autoridade
para, então, requisitar a instauração do inquérito pelo Supremo.
O presidente da OAB, Reginaldo de Castro, foi ao STF para entregar as duas ações -uma reclamação e uma representação- no
protocolo do órgão e conversar
pessoalmente com o presidente
do tribunal, ministro Carlos Velloso.
O presidente do Supremo, por
sua vez, recusou-se a comentar a
questão publicamente.
A entidade sustenta que o depoimento de Mathias deve ser invalidado porque a CPI desrespeitou a Constituição e a decisão do
Supremo.
Segundo a OAB, eventuais provas contra o advogado de Campinas obtidas a partir das informações prestadas por ele devem ser
anuladas porque estariam "contaminadas" por um depoimento
obtido de forma ilícita.
Castro também pediu que Mathias seja autorizado a se retirar
da sessão da CPI caso seja novamente convocado e a comissão
repita o procedimento desta semana.
Anteontem, o ministro do STF
Celso de Mello havia dito que o
comportamento da CPI representa "um impulso temível e perigoso" de retorno a um passado de
autoritarismo e que os únicos casos da história do país de desrespeito a decisões judiciais são de
ex-presidentes da República.
Mello concedeu outra liminar
assegurando ao advogado de outro investigado pela comissão o
direito de se manifestar durante o
depoimento e, em seguida, rejeitou pedido de reconsideração da
decisão feito pela comissão.
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