São Paulo, Sábado, 18 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRIME ORGANIZADO
Apesar de apelo, governador tenta cessão de 20 policiais federais para segurança dos acusados
Comitê quer Hildebrando fora do Acre


RICARDO GALHARDO
enviado especial a Rio Branco


O Comitê Contra a Impunidade do Acre entregou ontem ao governador Jorge Viana (PT) um documento pedindo a remoção do Estado do deputado cassado Hildebrando Pascoal (expulso do PFL-AC) e de outros 22 acusados de envolvimento com o crime organizado que estão desde o último domingo em Rio Branco.
O comitê, que é formado por sindicatos, igrejas e entidades da sociedade civil acreana, alega que o Estado não tem condições de segurança para abrigar os acusados e que a presença deles em Rio Branco intimida a população e, principalmente, as testemunhas de acusação contra o ex-deputado, suposto líder de uma quadrilha de traficantes e assassinos.

Tentáculos
"Essa organização tem seus tentáculos espalhados por várias instituições do Estado, principalmente na área de segurança pública", afirmou o presidente do Sindecap (Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Estatais da Administração Indireta), Jair Santos.
Apesar do apelo, Viana está agindo no sentido oposto. O governo e a Justiça Federal do Acre esperavam fechar ainda ontem um convênio com o Ministério da Justiça para cessão por 90 dias de 20 policiais federais.
Eles ficariam responsáveis pela segurança dos acusados, que deverão ser transferidos até segunda-feira para o presídio do Cefap (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças) da PM.
As autoridades não confiam na PM e na Polícia Civil devido ao envolvimento de policiais das duas corporações no caso.
"Se o convênio não se confirmar, fica muito difícil a manutenção dessas pessoas em Rio Branco", disse o Juiz da 2ª Vara da Justiça Federal no Acre, Pedro Francisco da Silva. Segundo o juiz, os depoimentos devem se estender até o fim de janeiro.
Um dos motivos de apreensão do Ministério Público e da Justiça Federal seria a tentativa de suborno a testemunhas por parte da família Pascoal. A Folha apurou que anteontem um advogado quase foi preso em flagrante quando tentava subornar uma testemunha dentro da Superintendência da Polícia Federal.
Para o superintendente-interino da PF em Rio Branco, Ney Ferreira de Souza, o convênio (ou a transferência) seria um alívio. "Não temos homens nem condições materiais", disse.

Crime fiscal
A situação de Hildebrando ficou mais complicada ontem, após a audiência que tratou do processo de crime fiscal no qual o ex-deputado é acusado.
O Ministério Público Federal apresentou documentos comprovando que Hildebrando movimentou, por meio de procuração, uma conta corrente aberta em nome do laranja Sebastião Mendes Ribeiro, em 1993. O fato configuraria sonegação fiscal e falsidade ideológica.
Hildebrando não soube explicar a operação. Seu advogado, Oscar Luchesi, confirmou a movimentação e disse que a conta recebeu pelo menos um cheque de R$ 12 mil referente à venda de gado.
"Isso não precisa de defesa. É tudo legal. Só existe sonegação quando a Receita Federal faz a autuação", disse o advogado.


Texto Anterior: MG aprova "narcotaxa" de R$ 45
Próximo Texto: PF prende mais 2 em Pernambuco
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.