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CRIME ORGANIZADO
Apesar de apelo, governador tenta cessão de 20 policiais federais para segurança dos acusados
Comitê quer Hildebrando fora do Acre
RICARDO GALHARDO
enviado especial a Rio Branco
O Comitê Contra
a Impunidade do
Acre entregou ontem ao governador
Jorge Viana (PT)
um documento pedindo a remoção do Estado do
deputado cassado Hildebrando
Pascoal (expulso do PFL-AC) e de
outros 22 acusados de envolvimento com o crime organizado
que estão desde o último domingo em Rio Branco.
O comitê, que é formado por
sindicatos, igrejas e entidades da
sociedade civil acreana, alega que
o Estado não tem condições de segurança para abrigar os acusados
e que a presença deles em Rio
Branco intimida a população e,
principalmente, as testemunhas
de acusação contra o ex-deputado, suposto líder de uma quadrilha de traficantes e assassinos.
Tentáculos
"Essa organização tem seus tentáculos espalhados por várias instituições do Estado, principalmente na área de segurança pública", afirmou o presidente do
Sindecap (Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Estatais da
Administração Indireta), Jair
Santos.
Apesar do apelo, Viana está
agindo no sentido oposto. O governo e a Justiça Federal do Acre
esperavam fechar ainda ontem
um convênio com o Ministério da
Justiça para cessão por 90 dias de
20 policiais federais.
Eles ficariam responsáveis pela
segurança dos acusados, que deverão ser transferidos até segunda-feira para o presídio do Cefap
(Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças) da PM.
As autoridades não confiam na
PM e na Polícia Civil devido ao
envolvimento de policiais das
duas corporações no caso.
"Se o convênio não se confirmar, fica muito difícil a manutenção dessas pessoas em Rio Branco", disse o Juiz da 2ª Vara da Justiça Federal no Acre, Pedro Francisco da Silva. Segundo o juiz, os
depoimentos devem se estender
até o fim de janeiro.
Um dos motivos de apreensão
do Ministério Público e da Justiça
Federal seria a tentativa de suborno a testemunhas por parte da família Pascoal. A Folha apurou
que anteontem um advogado
quase foi preso em flagrante
quando tentava subornar uma
testemunha dentro da Superintendência da Polícia Federal.
Para o superintendente-interino da PF em Rio Branco, Ney Ferreira de Souza, o convênio (ou a
transferência) seria um alívio.
"Não temos homens nem condições materiais", disse.
Crime fiscal
A situação de Hildebrando ficou
mais complicada ontem, após a
audiência que tratou do processo
de crime fiscal no qual o ex-deputado é acusado.
O Ministério Público Federal
apresentou documentos comprovando que Hildebrando movimentou, por meio de procuração,
uma conta corrente aberta em nome do laranja Sebastião Mendes
Ribeiro, em 1993. O fato configuraria sonegação fiscal e falsidade
ideológica.
Hildebrando não soube explicar
a operação. Seu advogado, Oscar
Luchesi, confirmou a movimentação e disse que a conta recebeu
pelo menos um cheque de R$ 12
mil referente à venda de gado.
"Isso não precisa de defesa. É
tudo legal. Só existe sonegação
quando a Receita Federal faz a autuação", disse o advogado.
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