São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 2002 |
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MEMÓRIA Aos 90 anos, advogado estava internado desde a semana passada, quando sofreu queda e teve traumatismo craniano Morre o criminalista Evandro Lins e Silva
DA SUCURSAL DO RIO O jurista e membro da ABL (Academia Brasileira de Letras) Evandro Lins e Silva, 90, um dos maiores advogados criminalistas do Brasil, morreu ontem, às 5h45, no Rio. Ele estava internado desde a madrugada de sexta-feira na clínica São Vicente (zona sul). Lins e Silva sofreu traumatismo craniano ao bater a cabeça no chão quando deixava o saguão do aeroporto Santos Dumont (centro), na noite de quinta-feira. O velório de Lins e Silva, que ocupava a cadeira número 1 da ABL, ocorreu no Salão dos Poetas Românticos da sede da academia, no centro do Rio. Cerca de 600 pessoas compareceram ao local, entre elas a governadora Benedita da Silva (PT) e o prefeito Cesar Maia (PFL). O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao velório na ABL às 16h. Ele participou da missa rezada pelo acadêmico e padre Fernando Bastos D'Ávila. O enterro de Lins e Silva, ao qual o presidente eleito também compareceu, foi realizado no cemitério São João Batista (Botafogo, zona sul), no mausoléu da ABL. Sobre o caixão, foram colocadas as bandeiras do Brasil e do Botafogo, clube de futebol pelo qual o criminalista torcia. Discursaram à beira do túmulo os advogados Marcello Lavenère, ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), e Sepúlveda Pertence, ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal). Os dois atuaram em parceria com Lins e Silva na preparação do pedido de impeachment do ex-presidente Fernando Collor. "Hoje o Brasil está sem advogado", disse Lavenère. Pertence destacou a atuação profissional do jurista. "Ele foi um dos mais notáveis advogados do Brasil." Nos últimos meses, o advogado preparava um livro de memórias -o jurista já havia contado as principais passagens de sua vida em "O Salão dos Passos Perdidos", obra de 1997. Segundo o filho Carlos Eduardo, 59, Lins e Silva deixou manuscritos inéditos. O jurista permaneceu ativo até o fim da vida. Ao desembarcar no Santos Dumont na quinta, ele voltava da cerimônia em que o presidente Fernando Henrique Cardoso o empossara membro do Conselho da República, órgão consultivo da Presidência, em Brasília. "Ele falava disso comigo quando estávamos andando, eu um pouco na frente, ele atrás. Foi quando ouvi o grito dele, já caindo", disse Carlos Eduardo. Levado para o hospital Souza Aguiar, próximo ao aeroporto, o jurista foi submetido a uma drenagem cerebral, para controle da pressão intracraniana. Mesmo assim, entrou em coma e não apresentou melhora. Texto Anterior: Público x Privado: Conab investiga ação da Coteminas Próximo Texto: Frases Índice |
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