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São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

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CASO STO. ANDRÉ

Promotoria vai participar de interrogatório

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os promotores criminais de Santo André irão participar na próxima segunda-feira do interrogatório judicial do empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado de ser um dos mandantes do assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), em janeiro do ano passado.
Será a primeira vez que o empresário, que trabalhou como segurança de Daniel, será ouvido na ação criminal que corre contra ele -na qual ele é acusado por homicídio triplamente qualificado.
Os promotores poderão fazer perguntas a Gomes da Silva graças a uma mudança recente no Código de Processo Penal. No dia 1º de dezembro, foi alterado o artigo 188, que agora permite à Promotoria a possibilidade de questionar o interrogado -prerrogativa esta que anteriormente cabia exclusivamente aos juízes.
Os promotores poderão refazer as mesmas perguntas que haviam feito a Gomes da Silva durante a investigação. Na ocasião, o empresário afirmou que só falaria sobre a morte de Daniel em juízo.
A Promotoria deve questionar o empresário sobre as contradições nas versões apresentadas por Gomes da Silva sobre o sequestro de Daniel. Na noite de 18 de janeiro de 2002, quando o prefeito foi levado por uma quadrilha da favela Pantanal, Gomes da Silva estava com Celso Daniel em uma Pajero blindada, quando os dois foram abordados pelos sequestradores.
Uma das dúvidas está relacionada ao suposto tiroteio que Gomes da Silva descreveu à polícia, como um dos fatores determinantes para que ele parasse o veículo. O laudo do exame de balística, no entanto, informa que todos os oito tiros que atingiram a blindagem do carro foram dados com a Pajero parada. No caminho descrito pelo empresário como sendo da perseguição, a perícia não encontrou marcas de balas.
Durante o interrogatório, Gomes da Silva, que está preso, poderá permanecer em silêncio. Além dele, outros dois presos da favela Pantanal, acusados de terem sequestrado Daniel, serão ouvidos no interrogatório pelo juiz Luiz Fernando Migliori Prestes, da 1ª Vara da Comarca de Itapecerica da Serra (SP).

Adiamento
O interrogatório de Gomes da Silva, que seria amanhã, foi adiado anteontem para segunda-feira.
O adiamento foi solicitado por seus advogados, que alegaram ao juiz Luiz Fernando Migliori Prestes não terem tido acesso aos 40 volumes da ação criminal que corre contra o empresário por homicídio triplamente qualificado.
Segundo os advogados Roberto Podval e Adriano Vanni, seria impossível preparar uma defesa sem conhecer o teor das acusações contra o empresário. O prazo desejado pela defesa era de pelo menos dez dias para estudar o caso.
Dos 40 volumes, os últimos cinco referem-se à investigação desenvolvida pelos promotores, que colocaram Gomes da Silva como um dos mandantes do assassinato do prefeito Celso Daniel.


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