São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

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Marina busca sustentação política entre empresários

DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários, ambientalistas, artistas e personalidades paulistanas realizaram anteontem à noite um jantar de solidariedade à ministra Marina Silva (Meio Ambiente) e em protesto às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que as restrições ambientais são um entrave para o crescimento econômico do país.
Batizado de "jantar em prol da sustentabilidade do Brasil", o encontro, em um restaurante dos Jardins, área nobre de São Paulo, contou com a presença de Marina Silva e foi organizado pelo Instituto Ethos de Responsabilidade e Social e pelo Instituto Socioambiental.
A ministra, que ainda não sabe se irá permanecer no cargo no segundo mandato de Lula e está em rota de choque com o Planalto, disse que o apoio pode significar neste momento "sustentabilidade política".
"A visão de desenvolvimento deve compreender a questão da sustentabilidade, econômica, social, cultural, ambiental, ética e também a sustentabilidade política. Um evento como este dá para a sociedade a demonstração da sustentabilidade política", disse Marina Silva.
Como exemplo, ela citou o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, que, apoiado pela sociedade civil, aumentou para 80% a reserva legal na Amazônia para tentar conter o desmatamento.
"Houve uma manifestação tão grande da sociedade que deu sustentabilidade política para o presidente resistir à pressão dos setores ligados ao agronegócio e à mineração.
Sobre seu futuro, a ministra disse que aguarda uma definição de Lula para os próximos dias. "A gente está trabalhando normalmente no ministério. Pelo o que eu sei, o presidente não conversou com ninguém da equipe do primeiro mandato. Estou sem ansiedade."

Ecos da ditadura
Um dos organizadores do jantar, Paulo Itacaramby, do Instituto Ethos, disse que os empresários e entidades ligados às questões ambientais ficaram "preocupados" com as declarações de Lula.
"Foi infeliz o discurso de dizer que a economia está travada pelos ambientalistas. Nos preocupou porque estava em um contexto de crescimento a qualquer custo. Tem que crescer, é claro. Mas é bobagem crescer degradando as florestas, os rios", disse.
O antropólogo e indigenista Márcio Santilli, do ISA, evocou a ditadura militar (19964-1985) e o "milagre econômico" para se contrapor ao argumento do presidente. "O crescimento a qualquer preço também pode acirrar desigualdades e gerar dependência", afirmou.
Entre os presentes, estavam o empresário Franklin Feder, presidente da Alcoa na América Latina e a cantora Marlui Miranda. (JOSÉ ALBERTO BOMBIG)

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