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Marina busca
sustentação
política entre
empresários
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresários, ambientalistas, artistas e personalidades
paulistanas realizaram anteontem à noite um jantar de solidariedade à ministra Marina Silva
(Meio Ambiente) e em protesto
às declarações do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
de que as restrições ambientais
são um entrave para o crescimento econômico do país.
Batizado de "jantar em prol
da sustentabilidade do Brasil",
o encontro, em um restaurante
dos Jardins, área nobre de São
Paulo, contou com a presença
de Marina Silva e foi organizado pelo Instituto Ethos de Responsabilidade e Social e pelo
Instituto Socioambiental.
A ministra, que ainda não sabe se irá permanecer no cargo
no segundo mandato de Lula e
está em rota de choque com o
Planalto, disse que o apoio pode
significar neste momento "sustentabilidade política".
"A visão de desenvolvimento
deve compreender a questão da
sustentabilidade, econômica,
social, cultural, ambiental, ética e também a sustentabilidade
política. Um evento como este
dá para a sociedade a demonstração da sustentabilidade política", disse Marina Silva.
Como exemplo, ela citou o
ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, que,
apoiado pela sociedade civil,
aumentou para 80% a reserva
legal na Amazônia para tentar
conter o desmatamento.
"Houve uma manifestação
tão grande da sociedade que
deu sustentabilidade política
para o presidente resistir à
pressão dos setores ligados ao
agronegócio e à mineração.
Sobre seu futuro, a ministra
disse que aguarda uma definição de Lula para os próximos
dias. "A gente está trabalhando
normalmente no ministério.
Pelo o que eu sei, o presidente
não conversou com ninguém
da equipe do primeiro mandato. Estou sem ansiedade."
Ecos da ditadura
Um dos organizadores do
jantar, Paulo Itacaramby, do
Instituto Ethos, disse que os
empresários e entidades ligados às questões ambientais ficaram "preocupados" com as
declarações de Lula.
"Foi infeliz o discurso de dizer que a economia está travada pelos ambientalistas. Nos
preocupou porque estava em
um contexto de crescimento a
qualquer custo. Tem que crescer, é claro. Mas é bobagem
crescer degradando as florestas, os rios", disse.
O antropólogo e indigenista
Márcio Santilli, do ISA, evocou
a ditadura militar (19964-1985)
e o "milagre econômico" para
se contrapor ao argumento do
presidente. "O crescimento a
qualquer preço também pode
acirrar desigualdades e gerar
dependência", afirmou.
Entre os presentes, estavam
o empresário Franklin Feder,
presidente da Alcoa na América Latina e a cantora Marlui
Miranda.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
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