São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governadora eleita do Estado afirma não ter responsabilidade sobre doadores

DA SUCURSAL DO RIO

A governadora eleita do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), afirmou, por meio de sua assessoria, que não tem responsabilidade sobre os atos praticados por empresas que doaram para sua campanha e que não foi responsável pelos contatos com empresas para arrecadação na campanha eleitoral.
Segundo a assessoria, Carepa disse que quem praticar trabalho escravo no Pará, durante seu governo, "seja lá quem for", pagará pelo fato.
Ao ser eleita governadora do Estado, uma das primeiras iniciativas de Carepa foi assinar um compromisso para priorizar em sua gestão o combate ao trabalho escravo.
O deputado federal eleito Paulo Rocha (PT-PA) disse que, se soubesse que as siderúrgicas que doaram para sua campanha respondem a processos administrativos do Ministério do Trabalho por uso de mão-de-obra escrava em carvoarias, não teria aceitado as contribuições financeiras.
"Sinceramente, eu não sabia. Se soubesse, com certeza não pediria ajuda a elas, para não ficar nesse constrangimento. Mas isso não me tira a condição para continuar lutando pela aprovação da emenda constituição para expropriação de propriedades envolvidas com trabalho escravo", disse Rocha.
Ele disse que tomou a iniciativa de pedir contribuição às empresas e que o presidente da Sidemar (Siderúrgica de Marabá), Demétrius Ribeiro, é seu amigo de longa data. O empresário, de Marabá, é suplente do senador eleito Mário Couto, do PSDB, que também recebeu contribuição da Simara.

Ibama e siderúrgicas
Paulo Rocha disse que apóia a autuação das siderúrgicas nos casos em que é evidente que elas controlam as carvoarias onde há trabalho escravo.
O deputado disse que, há mais de um ano, vem negociando com o governo a assinatura de um termo de ajuste de conduta entre o Ibama e as siderúrgicas, para definir um prazo para que elas se tornem auto-suficientes na produção de carvão. Isso levaria ao fim da produção de carvão com madeira retirada ilegalmente de florestas. "Uma parte da produção é feita com madeira legal, mas há uma grande parte de carvão ilegal, fornecido por pequenos produtores, que detonam a floresta."
O deputado disse que foi acompanhado pelo secretário-executivo da Asica (Associação das Siderúrgicas de Carajás), Luiz Correia, e por representantes de sindicatos dos carvoeiros nos encontros com o governo e com o Ministério Público do Trabalho.
Paulo Rocha cumpriu mandato de deputado federal até outubro de 2005, quando, acusado de envolvimento no mensalão, renunciou para não correr o risco de ser cassado. Ele foi acusado de ter recebido, por meio de uma assessora, R$ 420 mil do valerioduto. Afirma que usou o dinheiro para pagar dívidas da campanha de 2002. O deputado foi reeleito com 117 mil votos. (ELVIRA LOBATO)


Texto Anterior: Acusadas de trabalho escravo doaram para petistas no Pará
Próximo Texto: Entrevistas da 2ª/Gilmar Mendes e Roberto Busato: Súmula gera controvérsia no Judiciário
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.