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"Ministro Patrus não tem qualificação para falar da transposição", diz bispo
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SOBRADINHO (BA)
Oito quilos mais magro e
com sangramento nos lábios,
o bispo de Barra (BA), d. Luiz
Cappio, 61, disse ontem, em
Sobradinho, que o ministro
Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) é "desqualificado" e "desinformado" para falar sobre a transposição das
águas do rio São Francisco.
As críticas foram uma resposta à entrevista do ministro
à Folha publicada ontem. Patrus disse que o bispo tem sido "intransigente" e que seu
protesto é um extremo "inaceitável". Afirmou que é favorável à transposição e que o
jejum dificulta negociações.
"Fiquei muito decepcionado com as declarações dele",
disse. "Sempre tive o ministro
em altíssima conta, mas ele
demonstrou total falta de idoneidade para poder falar sobre o assunto." Dom Luiz disse ainda que Patrus é "totalmente alheio à situação do rio
e dos movimentos sociais".
Ontem, pela primeira vez
desde o início da greve, o bispo não celebrou a missa no
fim da tarde na Igreja de São
Francisco. Ele só acompanhou a cerimônia, usando um
travesseiro para amparar a
cabeça. Pela manhã, alegou
cansaço e deixou de descansar à sombra de uma árvore
pela primeira vez desde o começo do jejum. D. Luiz disse
ao médico que o acompanha,
frei Klaus Finkan, que sentia
dores de cabeça e fraqueza.
Em boletim, Finkan informou que ele apresenta "certa
fragilidade" em seu estado geral, mas que está "lúcido" e
sem problemas neurológicos.
Ainda segundo a nota, d. Luiz
"se expressou firme no propósito de continuar o jejum".
Segundo o médico, o sangramento na boca é resultado
do ressecamento dos lábios.
Ele suspendeu a ingestão do
soro caseiro e determinou
que d. Luiz beba apenas água.
"Ele não está desidratado
nem com diarréia." Para controlar e prevenir os problemas, a família do bispo usa
métodos "naturais". Ele é
submetido duas vezes por dia
a um "escalda-pés", que visa
manter o bom funcionamento dos rins. A pressão arterial
é verificada ao menos duas vezes por dia. Quando está baixa, o bispo tem os braços mergulhados em água gelada.
Cerca de cem pessoas estão
em vigília em Sobradinho. Em
Porto Alegre, um grupo de
seis ambientalistas ligado ao
Conselho Indigenista Missionário e ao PSOL começou um
jejum solidário de 48 horas.
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