São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

França tenta vender submarino ao Brasil

Planalto, porém, mantém opção de construir veículo de propulsão nuclear em parceria e rejeita compra devido ao custo de R$ 3,6 bi

Em visita sigilosa a Brasília, ministro da Defesa francês tentou encontro com Lula, que receberá o presidente Nicolas Sarkozy no dia 22


SAMY ADGHIRNI
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas da visita do presidente Nicolas Sarkozy ao Brasil, na próxima semana, o governo francês tenta incluir a venda de um submarino de propulsão nuclear no pacote de equipamentos militares que será assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até agora, Lula tem mantido a opção de construir o veículo em parceria, rejeitando a compra por causa do alto custo.
Segundo a Folha apurou, o modelo oferecido é um submarino classe Suffren, antes conhecido como Barracuda. A versão mais básica custa 1,1 bilhão (R$ 3,6 bilhões) e a completa chega a valer 2 bilhões (R$ 6,5 bilhões).
O Ministério da Defesa nega que o negócio tenha sido discutido. O governo francês silencia, mas o lobby segue nos bastidores. A última investida de Paris ocorreu na semana retrasada. O ministro francês da Defesa, Hervé Morin, foi a Brasília, numa visita relâmpago.
Conseguiu horário na agenda do presidente Lula, mas o encontro foi cancelado pelo Planalto. Morin, então, foi recebido pelo ministro Nelson Jobim (Defesa), que conheceu o submarino nuclear na visita à base naval francesa em Toulon, em janeiro. Embora tenha gostado do submarino, Jobim não teve autorização de Lula para avançar nas negociações.
O governo francês argumenta que, se o Brasil comprar um submarino nuclear, terá mais facilidade para construir os seus próprios. O projeto brasileiro prevê a construção conjunta do casco, mas o reator nuclear seria responsabilidade da Marinha brasileira, cujo programa deverá ser concluído em oito anos ao custo de R$ 1 bilhão. Os submarinos de propulsão nuclear da França são vendidos sem o motor ou partes dele, pois a tecnologia é considerada sensível.
Morin lembrou a Jobim que o governo francês encomendou seis unidades do Suffren para substituir parte da sua atual frota. Afirmou ainda que o Suffren, fabricado por um consórcio que inclui as estatais DCNS e Areva, é capaz de carregar 4.100 toneladas e poderia ser entregue a partir de 2016.
Lula encampou o projeto de desenvolvimento dos submarinos nucleares para vigiar as reservas de petróleo do litoral. Ontem, o tema foi discutido por militares da reserva e da ativa no Clube Militar, no Rio.
"A parceria é uma forma de cortar etapas", disse o presidente, general Gilberto Barbosa de Figueiredo. Sarkozy chega na segunda-feira ao Rio para uma visita de dois dias em que será assinado um pacote tecnológico-militar, que inclui a compra de ao menos três submarinos de propulsão convencional.


Colaborou RAPHAEL GOMIDE , da Sucursal do Rio


Texto Anterior: Janio de Freitas: Breve para ser leve
Próximo Texto: Toda Mídia - Nelson de Sá: Exceção, não
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.