São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2005

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NOVA DIREÇÃO

Presidente da Câmara fez comparação ao lado de 3 prefeitos petistas

"Assim como Lula, derrotei a aristocracia", diz Severino

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Severino Cavalcanti (PP-PE), o novo presidente da Câmara, fez uma comparação entre a sua vitória e a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizendo que ambos venceram a "aristocracia".
"Eu consegui fazer o que Lula fez: derrotar toda aquela aristocracia que tinha na Câmara e chegar ao poder." A frase foi dita enquanto posava para foto ao lado de três prefeitos petistas da cúpula da Frente Nacional de Prefeitos: João Paulo, de Recife e presidente da frente, e dois vices, Marcelo Déda, de Aracaju, e Newton Lima Neto, de São Carlos (SP).
Os três foram os convidados para o primeiro almoço que Severino ofereceu na residência oficial da presidência da Câmara, uma mansão no Lago Sul, área nobre de Brasília, para onde diz ter levado apenas suas poucas camisas e ternos, além de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Na sessão de fotos, o deputado não poupou Déda, uma das figuras de destaque do PT que Severino derrotou na segunda: "Hoje, você não tenha dúvida nenhuma, eu ganhei a eleição porque segui os conselhos dele, do Déda".
Embora tenha rido muito do gracejo, Déda se apressou em explicações. "Veja bem, não vá me jogar junto com o Virgílio [Guimarães, candidato rebelde do PT] na Comissão de Ética do partido. Fui extremamente fiel e disciplinado, apoiei o [Luiz Eduardo] Greenhalgh", se referindo ao candidato oficial do governo.
João Paulo, adversário político de Severino em Pernambuco, também recebeu sua estocada: "Quero relembrar que João Paulo foi meu colega de Assembléia, apesar dos abusos que ele provocou, mas é uma pessoa pela qual tenho o mais profundo respeito".
Os três petistas foram congratular o presidente da Câmara e fazer um pedido que provavelmente não agradará à equipe econômica de Antonio Palocci (Fazenda).
A frente quer ver votada logo a reforma tributária, especialmente a unificação das regras do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e de Serviços) e o aumento do Fundo de Participação dos Municípios, medida que representaria um gasto adicional para o governo de cerca de R$ 1,3 bilhão ao ano.
"O ICMS unificado e simplificado aumenta a base tributária e ajuda mais as grandes cidades e capitais. E o FPM ajuda mais os pequenos municípios", disse o prefeito de São Carlos.
"Os municípios não podem ficar de cuia na mão, sofrendo, quando o poder central está muito rico. Não tenha dúvida de que [o projeto] será prioritário. Não vai passar um dia nem uma hora na gaveta", respondeu Severino.

Ministérios
Empolgados com a vitória de Severino, dirigentes do PP já sonham alto. Dizem que o partido tem direito a dois ministérios em respeito "à proporcionalidade" das forças políticas que apóiam o governo, e já mencionam Severino como presidenciável em 2006.
"Não estamos pleiteando ministério, não vamos fazer chantagem, não vamos sair da base de apoio ao governo. Mas se o presidente Lula nos convidar e o partido aceitar, então teríamos direito a dois ministérios", diz o presidente da legenda, deputado federal Pedro Corrêa (PE).
Ele usa como base de comparação o PL, que tem o vice-presidente e o ministro da Defesa, José Alencar, e o titular da pasta dos Transportes, Alfredo Nascimento, na equipe de Lula. "Se o PL tem dois [ministros], então o PP também teria direito a dois."
Católico praticante, Severino vai ganhar uma missa em sua homenagem, provavelmente na próxima quinta-feira à tarde, em um dos auditórios da Câmara.


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