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Novo governador da Paraíba enfrenta 8 processos no TSE
Assim como seu antecessor, José Maranhão poderá perder mandato se for condenado por compra de votos em 2006
Posse de ex-senador ocorreu após manobras e ameaças de aliados de Cunha Lima, que tentavam obter liminar em favor do tucano cassado
Francisco França/"Jornal da Paraíba"
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José Maranhão, do PMDB, é diplomado governador pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba no lugar do tucano Cássio Cunha Lima, cujo mandato foi cassado
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
O ex-senador José Maranhão
(PMDB) tomou posse no começo da noite de ontem como novo governador da Paraíba com
oito processos correndo contra
ele no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), referentes às eleições de 2002 e 2006.
Dois desses processos, se
considerados procedentes, podem levar Maranhão a perder o
cargo de governador, como
ocorreu com seu antecessor,
Cássio Cunha Lima (PSDB).
As ações acusam Maranhão
de abuso de poder político e
econômico, compra de votos,
conduta vedada e uso indevido
de meio de comunicação.
A posse do novo governador
ocorreu após várias manobras e
ameaças da nova oposição, que
queria adiar a solenidade na esperança de obter liminar em favor de Cunha Lima.
Deputados estaduais ligados
ao tucano se negavam a iniciar
a sessão de posse sem a prova
da renúncia de Maranhão no
Senado, exigência legal para isso. Às 17h, chegaram a anunciar
uma contagem regressiva de
uma hora para a apresentação
do documento, sob pena de
adiamento da solenidade.
A renúncia só foi lida em Brasília pelo senador Mão Santa
(PMDB-PI) no início da noite,
quando o governador chegava à
Assembleia para a posse. Maranhão não queria perder a cadeira no Senado sem a garantia de
assumir o governo. A chegada
dele foi comemorada com fogos
de artifício. O plenário da Assembleia e a praça em frente ao
local ficaram lotados.
Em seu discurso, Maranhão
disse que "a Justiça fez valer as
regras da lei democrática". Ele
interrompeu sua fala para atender a uma ligação do presidente
Lula no celular. A plateia fez silêncio, e o governador agradeceu os cumprimentos. A pedido
das pessoas, colocou o aparelho
no viva-voz e, depois, no microfone. Os gritos de "Lula, Lula"
abafaram a voz do presidente.
Maranhão disse então que
aguardava uma visita dele ao
Estado. "E da Dilma também",
disseram seus aliados.
Nas ruas, longe da Assembleia, o clima ontem era de
tranquilidade. A expectativa na
cidade era com o desfile do
maior bloco carnavalesco local,
o Muriçocas do Miramar.
Os processos que podem levar à cassação do mandato de
Maranhão estão na Procuradoria Geral Eleitoral. Um deles o
aponta como beneficiado de
suposta troca de favores entre
correligionários em Campina
Grande em 2006. Numa reunião entre eleitoras e a mulher
do prefeito local, teria havido
tentativa de compra de votos.
Ainda segundo o processo, a
reunião, que foi gravada em
DVD, mostra que houve ofertas, como emprego no PSF
(Programa Saúde da Família),
uma casa para uma eleitora e
dinheiro para que mulheres
trabalhassem na boca-de-urna.
A outra ação trata da distribuição de 50 mil camisetas para
supostamente angariar votos.
Ricardo Porto, advogado de
Maranhão, diz que a filmagem
"continha montagens" e que
não há base legal e nem prova
da participação de Maranhão
no casos. Segundo ele, os processos foram arquivados no
TRE e subiram ao TSE por
meio de agravos. Segundo o
TSE, a posse não deve acelerar
o trâmite dos processos.
Em Brasília, quatro recursos
foram apresentados contra a
cassação do mandato de Cunha
Lima e de seu vice, José Lacerda Neto -que fizeram uma
operação casada. No STF, tentaram garantir a permanência
no cargo até que o TSE julgasse
um dos recursos apresentados,
que foi negado ontem à noite.
Ao TSE também pediram o envio da causa ao STF.
Senador desde 2003, Maranhão foi derrotado por Cunha
Lima em uma eleição apertada
em 2006 -a diferença foi de 52
mil votos em um eleitorado de
2,6 milhões de pessoas.
Naquele ano, o ex-senador
declarou patrimônio de R$ 7,5
milhões, crescimento de 247%
em relação a 1998. Além disso,
atribuiu valor zero a 28.290
bois que disse possuir (que valeriam, numa estimativa conservadora, R$ 17 milhões).
Com a Reportagem Local e a Sucursal de Brasília
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