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Escândalo do mensalão vira "golpismo" no congresso do PT
Termo, que passou a designar a mais grave crise do partido, ocorrida em 2005, é ignorado
No evento, Dilma afirma que o Brasil hoje lida com os EUA de igual para igual e que Bolsa Família não é um programa assistencialista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DAS ENVIADAS A BRASÍLIA
Iniciado ontem em Brasília, o
4º Congresso Nacional petista
classifica como "golpismo" a
mais grave crise política do partido, não mencionando o termo
mensalão, como ficou conhecido o escândalo iniciado em
meados de 2005.
Em um dos painéis destinados a contar a versão petista de
cada ano de sua história, o mensalão é descrito da seguinte forma: "A partir de uma reportagem de uma revista que mostrava um episódio de pagamento de propina dentro dos Correios, desencadeou-se uma crise que atingiu fortemente o governo e o partido".
A seguir, ele lembra de forma
indireta a declaração do então
presidente do PFL (hoje DEM),
Jorge Bornhausen, em que ele
se disse "encantado" com a crise política pela possibilidade de
"se ver livre dessa raça [o PT],
por, pelo menos, 30 anos".
"Um senador deixa claro o
objetivo: acabar com a raça do
PT. Mas a militância petista, os
movimentos sociais e os partidos aliados reagem, derrotando
o golpismo", completa o texto.
Em 2005, os partidos de oposição chegaram a discutir a possibilidade de pedir o impeachment de Lula, mas recuaram.
Num outro ponto do centro
de convenções, uma nova linha
do tempo petista também ignora o termo mensalão. No banner de 2005, é citada indiretamente a entrevista à Folha na
qual o petebista Roberto Jefferson denunciou a compra de
deputados em troca de apoio
ao governo no Congresso.
A crise do mensalão levou
Dilma Rousseff para o núcleo
duro do governo e contribuiu
diretamente para que Lula a
escolhesse como candidata à
sua sucessão. Com a queda de
Dirceu, ela deixou o Ministério
de Minas e Energia para assumir a Casa Civil da Presidência.
O congresso do PT, que aclamará amanhã Dilma Rousseff
como pré-candidata, começou
com cerca de 1.350 militantes,
ao custo de R$ 6,5 milhões. Em
rápida entrevista, Dilma evitou
comentários políticos: "No sábado eu sou pré [candidata].
Hoje eu não sou nem pré", afirmou ela, dizendo que aparecerá de vermelho amanhã.
Na abertura, a imprensa foi
barrada pelo secretário de relações internacionais, Valter Pomar, em um evento para convidados internacionais. "Eu decido se é aberto ou não", explicou, sob o argumento de que os
jornais não abrem as reuniões
dos seus conselhos editoriais.
Assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia
defendeu da seguinte forma o
acesso à imprensa: "Sempre
que me perguntam se pode, eu
digo que pode. Mesmo quando
a imprensa vai lá e conta mentiras das coisas que eu disse, o
que tem sido frequente. Mas
prefiro a imprensa dizendo
mentiras do que calada". Garcia rebateu críticas sobre o texto que trata das diretrizes da
campanha de Dilma, afirmando que ele defende o fortalecimento do Estado nos moldes
do que é praticado por Lula.
No discurso a portas fechadas, Dilma disse, segundo relatos, que o Brasil dialoga de
igual para igual com os Estados
Unidos e que o Bolsa Família
não é assistencialista.
Ontem, o PT deu continuidade ao debate sobre a Executiva
Nacional. A secretaria de comunicação era disputada pelo
deputado federal André André
Vargas (PT-PR) e pelo deputado estadual Rui Falcão (SP),
que pode ficar com a primeira
vice-presidência.
(ANA FLOR, EDUARDO SCOLESE, MALU DELGADO, RANIER BRAGON E VALDO CRUZ)
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