São Paulo, quarta, 19 de março de 1997.

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Ex-presidente refuta novas investigações da Receita Federal
Collor afirma ser vítima de uma "campanha criminosa"

da Reportagem Local

O ex-presidente Fernando Collor de Mello se declarou vítima de uma ``campanha política venal e criminosa patrocinada pelo Estado'' ao comentar a possibilidade de a Receita Federal voltar a investigar seu envolvimento em possíveis irregularidades.
A declaração foi feita por Collor em entrevista exibida no ``Jornal Nacional'', da Rede Globo, ontem à noite.
Collor disse que o caso da Receita Federal e a investigação sobre possível envolvimento de Paulo César Farias, tesoureiro da campanha presidencial collorida de 89, com a máfia estão servindo para encobrir outros escândalos.
``Isso é cortina de fumaça para toldar o mastodôntico escândalo dos precatórios'', afirmou. Na sequência, declarou que bancos e Sivam é que deveriam ser alvo de investigações.
Irritado com as perguntas da da repórter Sônia Bridi, Collor durante toda a conversa reeditou o estilo agressivo que o marcou na campanha de 89 e durante o processo que acabou por tirá-lo da Presidência da República.
A jornalista e o atual governo federal foram atacados por Collor. ``Esse governo se transformou numa podridão'', disse, por exemplo, ao argumentar que considerava o ministro da Justiça, Nelson Jobim, uma exceção no quadro que criticava.
Collor insistiu em que não existe processo legal formado para que a Receita Federal apure nada contra ele. ``É uma patuscada.''

Máfia
Ao falar sobre PC Farias, primeiro disse que a possibilidade de envolvimento de seu tesoureiro com a máfia não passava de ``fantasia, devaneio, sonho de uma noite de verão''.
Depois, ressaltou que o noticiário sobre a possível ligação de PC com a máfia aponta para o ano de 93, quando já não era presidente da República. Collor negou conhecer qualquer pessoa citada como elo entre PC e a máfia.
``Exijo respeito pelo meu padecimento'', bradou, depois de dar um murro na mesa. ``Querem fazer uma exumação e isso eu não aceito'', insistiu sobre qualquer prosseguimento ou reabertura de investigações da Receita Federal. O ex-presidente declarou ainda que recorrerá à Justiça para ``buscar'' seus direitos e, no fim, reafirmou que é vítima de perseguição.
``Já fui investigado por 20 gerações e ficam usando um ferrinho de dentista para criarem constrangimentos'', disse.
Collor negou ainda que já tenha definido uma data para tentar novo mandato político. ``Serei candidato quando a oportunidade aparecer'', afirmou.

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