São Paulo, terça-feira, 19 de março de 2002

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REVIRAVOLTA NA SUCESSÃO

Requerimento será apresentado a oposição e ao PFL, mas chances de investigação são remotas

PFL insinua desembarque de CPI do grampo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PT na Câmara, deputado João Paulo Cunha (SP), vai apresentar hoje o requerimento de criação da CPI mista do grampo aos partidos de oposição e ao PFL, mas ele próprio admite que são remotas as chances de o Congresso abrir uma investigação.
A iniciativa do PT foi motivada pela acusação feita pelo PFL de envolvimento do PSDB em uma possível espionagem contra a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, pré-candidata pefelista à Presidência, que inclui um suposto dossiê contra ela.
"Se tiver clima, toca adiante [a coleta de assinaturas". Se não tiver clima, vamos deixar a proposta à disposição dos partidos", afirmou João Paulo. O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), manifestou apoio à CPI, mas não teve respaldo da bancada do partido no Senado. Nem mesmo a oposição na Casa se entusiasmou com a proposta do pefelista.
O deputado Rodrigo Maia (RJ), vice-líder do PFL, disse que o partido só vai decidir se apóia ou não a CPI depois de ver o texto do requerimento. Segundo Maia, como a proposta é de CPI mista, a decisão terá de ser acertada entre os deputados e os senadores.
"Pessoalmente, quero assinar, mas a decisão de bancada é mais forte. E tem de ser das duas bancadas", afirmou Rodrigo Maia.
A CPI mista do grampo foi sugerida pelo PT na semana passada para investigar escutas telefônicas clandestinas nos últimos anos, incluindo as denúncias de grampo nos telefones de envolvidos na privatização do Sistema Telebrás e na implantação do projeto Sivam (Sistema Integrado de Vigilância da Amazônia).
O PT propôs a criação de uma CPI mista -integrada por deputados e senadores- porque na Câmara já há uma fila de 27 para serem instaladas. A criação de CPI mista depende da assinatura de 171 deputados e 27 senadores.
O líder petista reconheceu que a proposta de criação da CPI mista do grampo não vem encontrando respaldo dos pefelistas, o que permitiria a sua instalação. O PFL tem 95 deputados e 17 senadores.
"Estou cumprindo a minha obrigação de congressista, de alguém que quer investigar essas denúncias de "arapongagem". Se [os pefelistas" acharem que não devem investigar, paciência", declarou João Paulo.
Na tentativa de rebater os ataques pefelistas, o PSDB deu início ontem a uma operação: deputados tucanos foram escalados pelo líder Jutahy Júnior (PSDB-BA) para fazer discursos todos os dias cobrando a apresentação dos supostos dossiês contra a governadora do Maranhão.



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