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OPOSIÇÃO PRAGMÁTICA
Derrotado na prévia, atual governador gaúcho deve ter seu final de gestão ainda mais esvaziado
Tarso bate Olívio no Sul e se projeta no PT
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, derrotou numa disputa
apertada o governador do Estado,
Olívio Dutra, na prévia mais polarizada do PT. A vitória de Tarso o
projeta como nova virtual liderança nacional do partido, a ser
confirmada nas eleições, e esvazia
o já fragilizado governo de Olívio
Dutra, abalado por denúncias de
conivência com o jogo do bicho.
Os resultados oficiais da prévia
gaúcha saíram no final da tarde de
ontem: Tarso teve 1.058 votos de
vantagem. O prefeito recebeu
18.164 (51,4%) votos, contra
17.106 (48,6%) de Olívio.
Com o resultado, Tarso dá um
enorme passo para integrar o rol
dos presidenciáveis petistas para
eleições futuras. É visto na cúpula
partidária como articulado, moderado e negociador, o que o coloca em condições de substituir
Luiz Inácio Lula da Silva, caso este
não se eleja agora.
Tudo, no entanto, passa pela vitória do prefeito na eleição de outubro. Se Tarso perder, será responsabilizado pessoalmente pela
derrota do projeto petista no Rio
Grande do Sul. Ele também terá
de mostrar habilidade na campanha para defender um projeto de
governo -o de Olívio Dutra-
que acaba de derrotar.
Na direção nacional do partido,
avalia-se que Olívio cometeu erros primários durante seu mandato, que elevaram sua taxa de rejeição e o fizeram perder a prévia
dentro do partido. Não soube
construir a unidade do partido,
alienou possíveis aliados na Assembléia Legislativa e foi inábil ao
negociar com empresários.
Unidade
Os discursos de Tarso e de Olívio, depois das prévias, foram pela ""unidade" -palavra utilizada
diversas vezes pelos dois.
Tarso e Olívio têm divergências
antigas sobre a forma de governar
e representam grupos diferentes
no PT. No atual governo, a tendência hegemônica, a DS (Democracia Socialista), foi acusada de
centralizar "excessivamente" o
poder, sem dar espaço para as outras correntes do partido. Representantes da Democracia Socialista negam a acusação.
Representantes das correntes
que apoiaram os dois pré-candidatos também disseram para a
Agência Folha ver em Tarso a
possibilidade de unir o partido, o
que não ocorreria tão facilmente
caso fosse Olívio o candidato à
reeleição. ""É a culminância de um
processo rico, que instigou o partido e nos faz refletir sobre o nosso
governo para preparar o segundo
mandato", disse Olívio.
""Eu nunca havia participado de
um debate tão qualificado. O projeto que representamos sai profundamente fortalecido. Não há
dirigentes "a", "b" ou "c". Todos são
companheiros de partido", afirmou Tarso.
O presidente estadual do PT,
David Stival, afirmou que Tarso
era mais indicado do que Olívio
para essa missão, pois terá de
compor com a tendência majoritária no atual governo, a DS. Se
Olívio fosse o candidato, era provável que a divisão de forças internas ficasse inalterada.
Stival integra a tendência Articulação de Esquerda, que apoiou
Olívio nas prévias. Durante todo o
período, porém, manteve o discurso segundo o qual o melhor
candidato seria o que tivesse mais
chances. Esse ponto de vista foi
decisivo na votação de anteontem: os militantes independentes
levaram em consideração o provável índice de rejeição de Olívio.
Tarso confirmou para a Agência
Folha que há uma reaproximação
entre ele e o governador.
Colaborou a Reportagem Local
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