São Paulo, segunda-feira, 19 de março de 2007

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Mesmo sem mandato, 20 ex-deputados ainda usam apartamentos funcionais

Lula Marques/Folha Imagem
Fachadas de apartamentos que são usados irregularmente por ex-deputados em Brasília


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sem mandato desde 1º de fevereiro, um grupo de 20 ex-deputados continuava, até o fim de semana passado, de posse dos apartamentos funcionais da Câmara que foram usados durante o mandato.
As justificativas para a irregularidade vão desde dificuldades com a mudança até o caso de um ex-parlamentar que espera reassumir o mandato com a ida de um colega para o ministério.
No total, 65 ex-deputados desrespeitaram o prazo de devolução, 2 de março, um mês após o fim dos mandatos.
Entre os que continuam com os apartamentos, sete foram acusados de envolvimento na máfia dos sanguessugas, como Nilton Capixaba (PTB-RO), apontado pela Polícia Federal como um dos líderes do esquema. "Já estou saindo. Estou conseguindo local para mudar", afirmou Capixaba.
Alguns ex-deputados disseram que a quarta secretaria, responsável pela administração dos apartamentos, autorizou um prazo extra.
Para o quarto secretário, José Carlos Machado (PFL-BA), é melhor tentar a devolução por meio de acordo, desde que em tempo não muito extenso, sob pena de passar anos brigando na Justiça. Na semana passada, a Mesa da Câmara decidiu dar início às desapropriações.
Derrotados na eleição em outubro, os ex-deputados tiveram cinco meses para preparar a mudança. A Câmara possui 432 apartamentos, que têm entre 196 a 220 metros quadros, e ficam na área central de Brasília.
"Na primeira semana de abril, estou fora", prometeu Feu Rosa (PP-ES), que diz ter obtido prazo extra, assim como Pastor Pedro Ribeiro (PSC-TO). "Sou suplente de coligação em que está Eunício Oliveira e Ciro Gomes. Pedi paciência à Casa. Estou com esperança de assumir, caso um deles saia ministro", explicou Ribeiro. O ex-deputado Antonio Joaquim (PSDB-MA) disse que "tem apartamento vago, não está prejudicando ninguém."
Já Carlos Batata (PFL-PE) afirmou ter solicitado à secretaria uma forma de pagar pelos dias a mais que ficou.
Eleito para o Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz (PFL-BA) enviou requerimento à Casa pedindo para ficar no apartamento até junho. O pedido foi negado.
(LETÍCIA SANDER E RANIER BRAGON)


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