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Senado "descobre" ter mais de 2 diretores para cada senador
Nos últimos oito anos, número de cargos de direção na Casa saltou de 32 para 181
Congressistas se disseram surpresos, mas criação de diretorias, algumas com só uma pessoa, foi aprovada por votação em plenário
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A tentativa da direção do Senado de estancar as denúncias
contra a Casa acabou revelando
que a instituição tem 181 diretores, 45 a mais do que havia informado um dia antes. Há diretorias para os mais diversos assuntos e até mesmo ocupadas
por apenas uma pessoa.
O número inicial, de 136, já
havia causado constrangimentos. "É um absurdo, ninguém
sabia disso", afirmou o senador
Alvaro Dias (PSDB-PR), até janeiro segundo-vice-presidente
da Casa. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),
também disse que não sabia.
Apesar do "espanto" de vários senadores, eles próprios
aprovaram em plenário a criação das diretorias. Para que sejam criadas é preciso votar projeto de resolução.
A Casa tem 81 senadores, o
que significa mais de dois diretores para cada congressista. A
assessoria do Senado não informou a razão da mudança no número informado inicialmente.
Há diretoria para tudo. Uma
delas, de Administração de Residências, é mais conhecida como "diretoria de garagem"
-por funcionar no subsolo de
um prédio de apartamentos
funcionais- e é responsável
pela manutenção dos imóveis.
Há ainda a Diretoria de Coordenação de Apoio Aeroportuário, chamada informalmente
de "diretoria de check in" porque tem como função auxiliar
os senadores no embarque e
desembarque no aeroporto de
Brasília. Ou a Diretoria de Autógrafos, responsável por encaminhar a outros poderes documentos aprovados em plenário.
Há casos de diretores que
não coordenam nenhuma equipe, são diretores de si mesmos.
Um exemplo é Pedro Luiz Rodrigues, que se tornou diretor
da secretaria de Relações Institucionais por um ato de Renan
Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado em 2005. Por
ser diretor, ele ganha adicional
de salário, além do status.
E também as diretorias de
Redação da Ordem do Dia, que
prepara votações, e da Coordenação de Rádios em Ondas
Curtas, que faz programa de rádio voltado às regiões rurais.
Nos últimos oito, saltou de
32 para 181 o número de cargos
de direção. Até 2001 eram só
32, mas uma decisão do então
presidente da Casa e atual ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), aliado
de Sarney, abriu caminho para
a criação de mais 149 diretorias.
Lobão comandou o Senado
por apenas um mês em 2001,
com a renúncia de Jader Barbalho (PMDB-PA), até a eleição
de Ramez Tebet. Um de seus
primeiros atos foi transformar
a subsecretaria de recursos humanos em secretaria, o que deu
status de diretor a João Carlos
Zoghibi. O servidor deixou o
cargo na semana passada após
denúncia de que cedeu apartamento do Senado para seu filho, depois de 15 anos.
A partir dessa decisão, outros
subsecretários também conseguiram transformar seus cargos em secretaria e virar diretor. Até mesmo funcionários
não concursados têm cargo de
diretor. A Folha encontrou 29
na lista divulgada pelo Senado.
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