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PSDB barra aprovação de embaixadores em protesto contra Lula
Oposição ataca política externa e suspende a sabatina sobre nomeação de nomes para cargos na Venezuela e no Equador
"Não temos mais nenhum compromisso com essa aprovação simples e rápida de embaixadores", disse o líder tucano Arthur Virgílio
RENAN RAMALHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição está impedindo a
votação de novos embaixadores do Brasil como forma de
atacar a política externa do governo Lula.
A Comissão de Relações Exteriores, presidida pelo senador tucano Eduardo Azeredo
(MG), suspendeu a sabatina para aprovar três novos embaixadores do Brasil no exterior, entre eles os indicados para a Venezuela e o Equador, cujos
atuais governos são alvo de críticas de tucanos e democratas.
A indicação do diplomata José Antonio Marcondes Carvalho para a embaixada em Caracas vinha sendo prorrogada
desde dezembro. Na semana
passada, ele foi à comissão para
ser sabatinado, mas o senador
Flexa Ribeiro (PSDB-PA), pediu vista do processo para "discutir melhor" a relação do Brasil com o vizinho.
Na reunião, os senadores tucanos negaram ter alguma resistência específica contra o
nome de Carvalho.
Nos bastidores, porém, o objetivo é criar um embaraço para
a política externa brasileira e
fazer com que o próprio governo venezuelano perceba que
não é bem visto pela oposição
no Brasil.
Crítica ao Itamaraty
A estratégia para atacar o governo na política externa foi
traçada numa reunião fechada
do PSDB na terça. No mesmo
dia, em plenário, o líder tucano
na Casa, Arthur Virgílio (AM)
anunciou uma ruptura com o
Itamaraty. "Não temos mais
nenhum compromisso com essa aprovação simples e rápida
de embaixadores", ameaçou.
Depois criticou, sobretudo, a
comparação que Lula fez de
dissidentes cubanos com criminosos comuns do Brasil, a
aproximação com o regime iraniano, o apoio dado a Manuel
Zelaya em Honduras e a recusa
do presidente brasileiro em visitar, em Israel, o túmulo de
Theodor Herzl, um dos fundadores do sionismo.
Em seguida, foi o próprio
Azeredo que anunciou a suspensão das sabatinas na Comissão de Relações Exteriores.
Na comissão, já estão prontos
para serem aprovados, além de
Carvalho, os novos embaixadores no Equador, Fernando Simas Magalhães, e no Reino
Unido, Roberto Jaguaribe -esse último, a ser relatado pelo
tucano Tasso Jereissati (CE).
Cuba e Bolívia
Ainda neste semestre, virão
ao menos mais nove indicações
-entre elas as dos novos embaixadores em Cuba, Bolívia,
Uruguai e Israel.
Azeredo disse ontem que as
sabatinas só serão retomadas
após uma conversa com o ministro Celso Amorim (Relações
Exteriores), marcada para o dia
6 de abril. Nela, os oposicionistas vão expor a insatisfação
com a política externa e o papel
secundário do Senado na formulação dessa política.
Pela Constituição, é de competência exclusiva do presidente da República indicar embaixadores e firmar acordos com
outros países. Cabe ao Congresso apenas referendá-los.
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