São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2004

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PAINEL

Esqueçam que prometi
A esquerda do PT bem que tentou incluir na resolução do Diretório Nacional o compromisso de Lula, na campanha, de dobrar o poder de compra do salário mínimo em quatro anos. O máximo que obteve foi a promessa de um "um programa criativo de sua recuperação" até o fim "do atual mandato".

Restos a pagar
Marcelo Sereno, assessor especial da Casa Civil, novo secretário de Comunicação do PT, promete esvaziar suas gavetas no Palácio do Planalto até maio. Prazo que ele deu a si mesmo para concluir as nomeações acertadas entre Lula e o PMDB.

Determinismo histórico
Quem melhor resumiu o espírito da resolução do diretório do PT foi Sílvio Pereira, que subiu de posto na hierarquia partidária e agora é secretário-geral: "Não adianta brigar. O modelo econômico é esse e não mudará. Para o bem ou para o mal, vamos com esse mesmo até fim".

Muito civilizado
Palavra do senador Eduardo Suplicy (PT-SP): vai subir no palanque e fazer campanha para a reeleição da ex-mulher.

Contra o relógio 1
Quando cobram do Planalto a liberação do dinheiro de suas emendas, os aliados têm em mente a data de 4 de maio, último dia, pela legislação eleitoral, para a assinatura de convênios.

Contra o relógio 2
O ministro Guido Mantega promete liberar nos próximos dias os R$ 300 mi que o governo resolveu gastar com emendas dos parlamentares. Estes alegam que restará pouco tempo para a confecção dos convênios.

Cansou a beleza
"Já gostei mais do Chávez", comentou Lula durante o jantar com peemedebistas. Para o presidente, o colega venezuelano "está muito personalista".

Letra morta
Em dezembro passado, o governador Ronaldo Lessa (PSB) comemorava a renegociação de uma parte da dívida dos usineiros com Alagoas. Pelo acordo, cerca de R$ 450 mi seriam devolvidos ao Estado em 180 meses. Seria ótimo, desde que os usineiros estivessem pagando.

Herança maldita
Ronaldo Lessa fará reunião hoje com sua equipe para definir medidas contra o descumprimento da renegociação. A dívida dos usineiros vem desde 1988, quando o então governador Fernando Collor isentou-os do ICMS. Desde 1995, o Estado tenta reverter a decisão.

Só na TV
Propaganda do pré-candidato petista Nelson Pellegrino vende a destinação de R$ 4 mi, pelo governo federal, a hospital das Obras Sociais Irmã Dulce em Salvador. O dinheiro, fruto de emendas da bancada baiana, até agora não chegou ao hospital, que enfrenta grave crise.

Ciranda na floresta
Marina Silva largou na frente entre os postulantes petistas à sucessão de Jorge Viana. Fora do páreo por ser irmão do governador do Acre, Tião Viana buscará a reeleição ao Senado. E Jorge cogita vaga na Câmara.

Regra três
Petistas de Ribeirão Preto têm pronto um "plano B" para evitar vitória da oposição tucana na terra do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Se os sinais de anemia eleitoral do atual prefeito, Gilberto Maggioni (PT), persistirem, vão se aproximar do peemedebista Baleia Rossi.

Comissão de frente
Na tentativa de melhorar suas perspectivas na Câmara Municipal, os tucanos tentam convencer nomes conhecidos do eleitorado, como o ex-ministro Walter Barelli e o ex-secretário estadual Fábio Feldman, a concorrerem a vagas de vereador.

TIROTEIO

Do líder do PT na Assembléia paulista, Cândido Vaccarezza, sobre o empréstimo de R$ 1,3 bi concedido pela União à Cesp:
-O governo federal evitará um novo apagão do PSDB, dessa vez na estatal de São Paulo. A crise é fruto das administrações tucanas, que, quando não privatizam, levam à falência.

CONTRAPONTO

Sandálias do pescador

Depois de vencer, em 1982, a eleição para o governo de São Paulo, Franco Montoro (1919-1999) decidiu aceitar convite de um amigo para descansar no litoral norte paulista. Levou consigo um grupo de deputados.
Já na praia, o anfitrião do recém-eleito governador pelo PMDB organizou um passeio do grupo por ilhas da costa. O roteiro começou cedo. A cada parada, Montoro descia do barco e tomava um banho de mar.
No meio da tarde, com o sol forte, o grupo dava sinais de cansaço. Menos Montoro. Visitada a última ilha, a lancha já ia longe quando ele avisou:
-Preciso voltar à praia, esqueci algo importante.
Ninguém ousou contrariar o governador eleito, nem perguntar de que se tratava. Apenas quando a lancha ancorou novamente na ilha ele esclareceu:
-Vou até ali buscar meu par de chinelos e já volto.


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