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Procurador suspeita de assessor de ministro
Segundo Antonio Fernando, auxiliar de Paulo Medina, do STJ, aparece como "possível intermediador na venda de decisões"
Inquérito aponta que grupo tentou se aproximar da presidente do Supremo depois que ela revogou liberação de caça-níqueis
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No inquérito da Operação
Hurricane, o procurador-geral
da República, Antonio Fernando Souza, solicitou diligências
tendo como alvo o ministro
Paulo Medina (Superior Tribunal de Justiça). O procurador
escreveu que haveria indícios
de que um assessor do ministro
teria operado como intermediário na venda de sentenças.
"Quanto ao foco principal da
presente investigação -a venda de decisões judiciais por magistrados- a interceptação das
comunicações telefônicas dos
envolvidos revelou a atuação
constante do assessor do ministro Paulo Medina, Fernando
Rodrigues, que vem aparecendo como possível intermediador na venda das decisões."
Antonio Fernando solicitou
ao Supremo Tribunal Federal a
quebra do sigilo telefônico do
assessor do ministro do STJ,
entre outras pessoas.
O próprio Paulo Medina teve
seu sigilo telefônico quebrado,
mas a PF não deu destaque para nenhuma das conversas.
Aparentemente não há diálogos entre o ministro e emissários dos bicheiros e bingueiros.
O procurador-geral requereu
busca e apreensão num escritório de advocacia de Brasília
que seria usado pelo irmão do
ministro, Virgílio Medina, também apontado como negociador de sentenças do ministro.
"A execução da medida de
busca e apreensão no escritório
[...] tem por objetivo apreender
eventuais documentos ali existentes que comprovem a atuação venal do ministro Paulo
Medina. Existem fundados indícios de que o citado escritório
é o local, em Brasília, utilizado
por Virgílio Medina para negociar decisões do seu irmão", escreveu Antonio Fernando.
No pedido de diligências e
prisões preventivas ao STF,
Antonio Fernando destacou
que as investigações prosseguiriam, dando a entender que novas ações da PF e prisões podem ser solicitadas.
O inquérito da PF afirma
também que a suposta quadrilha tentou assediar a presidente do STF, Ellen Gracie, que havia dado decisão revogando a
liberação de 900 máquinas de
caça-níquel em Niterói (RJ).
"A decisão exarada pela ministra presidente do STF (...)
gerou uma intensa movimentação da quadrilha. O grupo
agora se articula com o objetivo
de solucionar as pendências
junto aos tribunais superiores,
tendo como estratégia buscar
aproximação com magistrada
presidente do STF", diz documento da PF de outubro.
A "aproximação" seria por
meio de advogados ligados ao
suposto esquema. A PF não faz,
após isso, menção sobre possíveis desdobramentos.
Preso por suspeita de trabalhar pelos interesses da organização criminosa, o delegado da
PF Carlos Pereira da Silva foi
enviado no ano passado para
um curso no FBI, nos EUA.
Ausente
Desde a última sexta, quando
a operação se tornou pública,
Medina tem faltado às sessões
do STJ. Até a conclusão desta
edição, o STJ não havia se manifestado sobre o tema.
Anteontem, ele foi ao gabinete, mas, diante do vazamento a
jornalistas do conteúdo do inquérito do STF, optou por se
recolher e preparar sua defesa,
segundo o seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro.
Almeida Castro disse que o
ministro "está atônito" e "muito abalado" e que, até anteontem, a maior preocupação dele
era o irmão. "Ele está atônito,
está se sentindo não só ofendido pelo fato de ver o nome dele
dessa forma, mas até ontem
[anteontem] a preocupação
maior dele é com o irmão que
está preso. Ele está muito abalado, mas disse desde o início
que não tinha nenhuma ligação
dele."
(RANIER BRAGON, LEONARDO SOUZA, ANDRÉA MICHAEL E FELIPE SELIGMAN)
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