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País aderiu à operação em 1976
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ASSUNÇÃO
O Brasil aderiu à Operação Condor em setembro de 1976, mas
não aceitou participar de ações fora da América do Sul.
A informação está nos relatórios reservados do Departamento
de Estado dos EUA sobre a operação, segundo documentos coletados pelo médico e pesquisador
paraguaio Alfredo Boccia Paz nos
arquivos americanos.
Outros países do continente, de
acordo com o mesmo documento, prontificaram-se a buscar e eliminar opositores dos regimes militares à distância.
"Com a decisão brasileira de limitar suas atividades aos limites
territoriais dos países do Condor,
os treinamentos começam em
Buenos Aires para argentinos,
chilenos e uruguaios", diz o informe do governo norte-americano.
Alguns trechos do documento tiveram divulgação vetada.
A explicação de Paz para o comportamento brasileiro seria um
motivo bastante pragmático: o
Brasil tinha quantidade menor de
opositores na Europa, o que não
justificaria os riscos diplomáticos
de tal atitude.
A Operação Condor, de acordo
com o Departamento de Estado,
era dividida em três fases: o intercâmbio de informações, a busca
de opositores na América Latina e
a captura à distância. O Brasil teria aderido às duas primeiras.
O primeiro papel a falar sobre o
Brasil nos arquivos data de 24 de
setembro de 1976.
Em outubro daquele ano, o
agente especial do FBI (polícia federal dos EUA) Roberto Scherrer
define a operação, em correspondência à sede da instituição.
""A Operação Condor é o nome
para a coleta, intercâmbio e armazenamento de informação secreta
relativa aos denominados esquerdistas, comunistas e marxistas
que se estabeleceu entre os serviços de inteligência da América do
Sul (...) A operação tem previstas
operações conjuntas contra objetivos terroristas de países-membros. Uma terceira fase, e mais secreta, implica a formação de grupos especiais dos países-membros que deverão viajar até países
não-membros para levar a cabo
castigos, incluindo o assassinato
de terroristas ou simpatizantes de
organizações terroristas dos países-membros", diz.
Paz, que escreveu o livro "Es mi
informe" ("É o meu informe"),
um dos mais completos a respeito
dos chamados "arquivos do terror", prepara outra obra, que ainda não tem título e deverá estar
concluída em três meses.
Alguns dos documentos sobre a
Operação Condor, que podiam
ser consultados quando os arquivos das Forças Armadas do Paraguai foram abertos, em 1992, já
não são mais encontrados hoje,
afirma Paz.
Um deles é o que relatava métodos de inteligência utilizados pela
AID (Agência Interamericana de
Desenvolvimento). Outro, é a carta pela qual o bispo Demetrio
Aquino informava o chefe de investigações, Pastor Coronel, sobre atividades da Igreja Católica.
O bispo era conhecido pela ligação que tinha com o ditador paraguaio Alfredo Stroessner (54-89).
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