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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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REUNIÃO MINISTERIAL

Encontro acontece um dia antes da reunião do Copom

Lula pede à equipe paciência com a política econômica

Alan Marques - 15.mai.03/Folha Imagem
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comanda hoje sua 4ª reunião ministerial, na Granja do Torto


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá pedir à sua equipe hoje, durante reunião ministerial, um pouco mais de paciência em relação à atual política econômica, pautada em juros altos e acentuada austeridade fiscal.
Segundo a Folha apurou, o presidente não irá exigir dos ministros sacrifícios orçamentários adicionais, apenas um prolongamento - por um pouco mais de tempo- da atual situação.
O encontro dos ministros com o presidente ocorre na véspera do início da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que definirá a nova taxa básica de juros, atualmente em 26,5% ao ano. Há muitas pressões de empresários e políticos, inclusive integrantes do próprio governo, para que os juros caiam.
A pauta oficial da reunião ministerial é uma discussão sobre o PPA (Plano Plurianual) para o período 2004-2007 e a apresentação do projeto Primeiro Emprego, cotado pelo Palácio do Planalto como segundo programa social mais importante do governo, depois do Fome Zero.
Embora os juros estejam fora da pauta, sua queda é uma das pré-condições para que a economia volte a crescer. O clima da reunião de hoje pode ser ilustrado por uma frase repetida quase diariamente pelo secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci: "Já estão sendo criadas as condições para que a agenda do crescimento se torne a agenda do desenvolvimento". No entanto, acrescenta, "a inflação ainda preocupa".
Na abertura da reunião, prevista para começar às 9h, na Granja do Torto, o presidente deverá pedir ainda que os ministros trabalhem de forma mais integrada, como vem ocorrendo entre os titulares da área social. Depois de quatro meses de discussões, os ministros da área encontraram uma forma consensual para unificar os programas de transferência de renda.
"O presidente me disse que o objetivo é melhorar o entrosamento, é fazer com que cada ministro tenha uma visão de conjunto do governo, uma visão do todo", afirmou o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que também participará do encontro.

Recursos
Depois que Lula abrir a reunião, cada ministro terá cerca de dez minutos para apresentar as principais ações da sua pasta e para expor suas dificuldades. A expectativa do Planalto é que muitos peçam o desbloqueio dos recursos orçamentários.
Em fevereiro, o governo determinou o congelamento de gastos no valor de R$ 14 bilhões. Na semana passada, o Ministério dos Transportes conseguiu o primeiro desbloqueio, de cerca de R$ 800 milhões.
Ciro Gomes (Integração Nacional) deverá fazer uma exposição sobre as mudanças administrativas feitas na sua pasta. Um dos seus cartões de visita é a descentralização dos programas.
José Graziano (Segurança Alimentar) irá apresentar um balanço do Fome Zero até maio, mostrando que o programa já está sendo implantado em 193 municípios, e fará uma exposição sobre suas próximas ações.
Cristovam Buarque (Educação) será mais objetivo: dirá que precisa de dinheiro para aumentar a merenda escolar dos atuais R$ 0,13 para R$ 0,18, para fornecer transporte escolar a áreas rurais e ainda para repassar às universidades federais recursos destinados à solução de "emergências", como conserto de laboratórios.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, falará após os outros ministros como uma estratégia para rebater eventuais pedidos de liberação de recursos. Ele deverá fazer um panorama da economia mundial e só depois disso é que entrará na realidade brasileira. Palocci deverá dizer que o cenário ainda não é cor-de-rosa e que um último esforço dos ministérios é necessário antes de haver mais liberdade orçamentária, apurou a Folha.
Depois do almoço, estão previstos para falar os ministros Guido Mantega (Planejamento), Luiz Dulci (Secretaria Geral) e Jaques Wagner (Trabalho). Mantega vai vai expor o documento-base que norteará as discussões do PPA. O plano só será encaminhado ao Congresso em agosto.
Encerrando o bloco PPA, Dulci irá expor como serão feitas as 27 audiências estaduais que coletarão a contribuição da sociedade civil ao PPA. (GABRIELA ATHIAS, FÁBIO ZANINI E RANIER BRAGON)


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