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PREVIDÊNCIA
Elevação da contribuição previdenciária, prevista no projeto do governo, aumentará arrecadação de 14 caixas estaduais
Alíquota maior dará R$ 820 mi a Estados
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma medida que tem passado
praticamente despercebida na
discussão da reforma da Previdência deverá assegurar a 14 Estados um aumento de arrecadação
de R$ 820 milhões/ano, segundo
levantamento obtido pela Folha.
Os recursos adicionais virão da
elevação das atuais alíquotas de
contribuição previdenciária cobradas por esses Estados. A proposta de reforma da Previdência
enviada ao Congresso prevê que
nenhum Estado ou município
nem o Distrito Federal poderá
instituir alíquota de contribuição
inferior à da União -hoje 11%.
De acordo com o levantamento
enviado pelo Ministério da Previdência para os Estados, das 27
unidades da federação, 14 têm alíquotas de contribuição previdenciária inferiores a 11%. A receita
atual desses governos com a cobrança dos servidores é de R$
1,615 bilhão. A elevação das alíquotas, portanto, representará
um acréscimo de receita de 50,7%
para os caixas.
São Paulo
Os dados encaminhados aos governadores pela Previdência não
consideram a cobrança dos servidores inativos. O levantamento se
refere apenas à contribuição previdenciária dos funcionários em
atividade.
O Estado de São Paulo será o
mais beneficiado com o novo piso
para as alíquotas. Hoje, os servidores estaduais de São Paulo (ativos e inativos) contribuem com
6%, apenas para o custeio das
pensões. Não há contribuição para as aposentadorias.
A receita da contribuição dos
ativos chega a R$ 720,6 milhões
por ano. Com a nova alíquota, de
acordo com o estudo da Previdência, a arrecadação crescerá R$
600 milhões/ano.
Segundo o chefe da Casa Civil
do Estado de São Paulo, Arnaldo
Madeira, com base na mudança
constitucional proposta ao Congresso, o governo estadual enviará nos próximos dias à Assembléia Legislativa do Estado um
projeto de lei elevando para 12% a
alíquota de contribuição dos servidores estaduais.
"Pelos nossos cálculos, isso representará um aumento de R$
500 milhões na arrecadação da
contribuição previdenciária dos
ativos", disse Madeira, acrescentando que o déficit do regime previdenciário do Estado foi de R$
7,5 bilhões no ano passado.
Para Estados como Rio Grande
do Sul (cujo sistema previdenciário do setor público está quebrado), Pará e Paraíba, o aumento
das alíquotas de contribuição
também terá um impacto expressivo nas contas públicas.
Para o governo gaúcho, que arrecada anualmente cerca de R$
164 milhões com a contribuição
de seus servidores ativos, o aumento de arrecadação será de R$
80 milhões. No Pará, a elevação de
receita será de R$ 21,5 milhões, e
na Paraíba, de R$ 20,3 milhões.
O secretário de Administração
do Rio Grande do Sul, Jorge Celso
Gobbi, esclareceu que atualmente
os servidores do Estado contribuem com 11%, mas 3,6% são referentes à assistência médica.
Como a proposta de emenda
constitucional estabelece que a
alíquota mínima de 11% é destinada ao sistema previdenciário, o
Rio Grande do Sul terá que adequar a contribuição. "Se a reforma for aprovada como está, teremos um ganho de receita total de
R$ 130 milhões", avalia Gobbi.
O secretário de Administração
de Santa Catarina, Marcos Vieira,
afirma que o Estado não terá ganho com a mudança.
"Para nós, haverá, pelo contrário, um aumento nas despesas do
Estado porque o governo também aumentará sua contribuição.
Atualmente, é de 3,5% e passará
para 22%", declarou Vieira. Na
avaliação dele, no entanto, esse
efeito negativo será revertido em
um prazo de 15 anos.
Os servidores de Santa Catarina
hoje não contribuem para as aposentadorias. A contribuição financia apenas as pensões para o
funcionalismo.
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