São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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Investigação envolve mais 3 construtoras

Polícia Federal sugere que a Queiroz Galvão teria feito acordo com a Gautama para vencer licitação viciada no Maranhão

Contratos com outras duas empreiteiras -uma do Rio Grande do Sul e outra de São Paulo- também são objeto de investigação pela PF


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nas 65 páginas em que resume as investigações da Polícia Federal e em que ordena a prisão de 48 suspeitos, a ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon descreve circunstâncias que levantam suspeitas contra outras três empreiteiras, além da Gautama.
O relato mais contundente se refere à pernambucana Queiroz Galvão, hoje com sede no Rio de Janeiro. Segundo a PF, a empreiteira teria entrado em acordo com a Gautama para vencer uma licitação viciada no Maranhão, de R$ 153 milhões, para pavimentação da BR-402.
"Após complicadas negociações, foi publicado edital de licitação no dia 8 de novembro de 2006, figurando como habilitada a construtora Queiroz Galvão, sendo excluída a Gautama dentro de uma acomodação já prevista pela organização, sendo certo que a vencedora sempre esteve como parceira da Gautama", diz o relato.
"[Há] indícios de que a minuta do convênio tenha sido elaborada por Geraldo Magela [então assessor do governo do Maranhão] e por Carlos Oliveira, representante da construtora Queiroz Galvão", diz o texto.
O responsável em dar a palavra final sobre o contrato seria o procurador-geral do Maranhão na ocasião, Ulisses César Martins de Souza, preso pela PF. "Às vésperas da celebração do convênio, o procurador-geral de Justiça comunicou a Vicente Coni [representante da Gautama, também preso] que pretendia direcionar a licitação para outra empresa, a construtora Sutelpa [do Rio Grande do Sul], alteração devida ao não-cumprimento dos compromissos por parte da organização criminosa (pagamento de propina)", diz o relato de Calmon.
Segundo gravações, Vicente Coni comunica ao chefe, Zuleido Veras, que o procurador-geral "quer fazer uma sacanagem, quer fazer um novo negócio". "É um Estado sem dono", diz Veras. Apesar disso, o dono da Gautama teria enviado emissários para contornar a situação. No final, acaba vencendo a Queiroz Galvão, supostamente em conluio com a Gautama.
Já a menção à construtora Cogente, do interior de São Paulo, se refere a um contrato de R$ 38 milhões para a rede de esgoto em Sinop (MT) feito pela prefeitura local. "A realização dos serviços seria feita pelo consórcio Gautama/Cogente, conforme contrato firmado com a Prefeitura de Sinop", diz o texto do STJ: "Havia certeza por parte do grupo de que a execução da obra já estava dirigida à empresa Gautama". (RANIER BRAGON E FÁBIO ZANINI)

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