São Paulo, terça-feira, 19 de maio de 2009

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Governo é quem antecipa eleição, diz Serra

Para o governador, precipitação sobre disputa de 2010 traz "prejuízos" ao país e "tititi brasiliense" ofusca ações administrativas

Tucano evita falar sobre CPI da Petrobras; Aécio chama de "invencionice" o acordo sobre chapa puro-sangue com Serra para o Planalto


DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva insinuar interesses eleitoreiros como inspiração para a CPI da Petrobras, o governador de São Paulo e potencial candidato à Presidência, José Serra (PSDB), acusou o PT e o governo federal de antecipação do calendário eleitoral.
Em evento de entrega de equipamentos para a polícia ambiental, Serra -que evita polemizar com Lula- chegou a afirmar que a precipitação da campanha produz "prejuízos enormes para o país".
Ainda em discurso, o governador reclamou de o "tititi brasiliense" ofuscar as ações do governo. Indagado depois sobre quem está antecipando a disputa, se PSDB ou PT, foi categórico: "O PSDB não está. Isso posso garantir. Se alguém antecipou o processo eleitoral do ano que vem, foi do lado do governo e do PT, sobre isso não há a menor dúvida", reagiu.
Serra, no entanto, não quis esclarecer a que se referia, interrompendo a entrevista com um "isso vocês sabem".
Com a interrupção, o governador evitou se manifestar sobre a CPI da Petrobras e a informação de que está avançado o acordo para que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), seja seu vice na disputa pela Presidência em 2010.
"Questão de CPI é do Congresso. Tenho por norma nunca me pronunciar sobre isso."
Segundo tucanos, nem Serra -que costuma registrar suas queixas quando contrariado- nem Aécio reclamaram da atuação do PSDB no Senado.
"Eles não se queixaram", afirmou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).
Serra avisou que não falaria sobre negociações para que Aécio seja seu vice. O governador de Minas, por sua vez, chamou de "invencionice" a divulgação do arremate desse acordo.
Aécio disse que não há hipótese de isso ocorrer, embora ele mesmo tenha admitido que a possibilidade fora objeto do jantar com Serra no último dia 27, em Belo Horizonte.
No dia seguinte ao da conversa, questionado se a chapa puro-sangue fora pauta do encontro, Aécio afirmou que "todos os cenários" eleitorais foram discutidos naquela noite.
Ontem, Aécio falou em "presunção" para qualificar essa proposta. "Qualquer negociação ou qualquer construção de uma chapa de um só partido, qualquer que seja esse partido, não tem eficácia eleitoral, e acho que ela tem uma grande dose de presunção. Não faz bem ao PSDB", afirmou.
Ao receber ontem a bancada nacional do PR, que pôs a sigla à sua disposição para eventual mudança de partido, Aécio foi questionado se a "invencionice" partia dos defensores da candidatura Serra.
"Não sei de quem, mas é uma desinformação. Se alguém tem algum interesse em plantar isso, essa pessoa é que tem de responder. Recebo essa notícia como uma grande piada", afirmou Aécio, que encontraria o presidente Fernando Henrique Cardoso, patrocinador do acordo, ainda na noite de ontem.
À noite, após uma palestra para estudantes em Belo Horizonte, FHC também negou que haja um acordo estabelecido entre Aécio e Serra e que ele o tenha articulado. "Eu não conversei com ninguém. Fiquei surpreso com a notícia. O Aécio é candidato a presidente; o Serra, também. Qualquer um dos dois será o meu candidato. Não existe isso [um acordo]. Acho que é uma precipitação", disse.


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