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Governo é quem antecipa eleição, diz Serra
Para o governador, precipitação sobre disputa de 2010 traz "prejuízos" ao país e "tititi brasiliense" ofusca ações administrativas
Tucano evita falar sobre CPI da Petrobras; Aécio chama de "invencionice" o acordo sobre chapa puro-sangue com Serra para o Planalto
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva insinuar interesses eleitoreiros
como inspiração para a CPI da
Petrobras, o governador de São
Paulo e potencial candidato à
Presidência, José Serra
(PSDB), acusou o PT e o governo federal de antecipação do
calendário eleitoral.
Em evento de entrega de
equipamentos para a polícia
ambiental, Serra -que evita
polemizar com Lula- chegou a
afirmar que a precipitação da
campanha produz "prejuízos
enormes para o país".
Ainda em discurso, o governador reclamou de o "tititi brasiliense" ofuscar as ações do governo. Indagado depois sobre
quem está antecipando a disputa, se PSDB ou PT, foi categórico: "O PSDB não está. Isso
posso garantir. Se alguém antecipou o processo eleitoral do
ano que vem, foi do lado do governo e do PT, sobre isso não há
a menor dúvida", reagiu.
Serra, no entanto, não quis
esclarecer a que se referia, interrompendo a entrevista com
um "isso vocês sabem".
Com a interrupção, o governador evitou se manifestar sobre a CPI da Petrobras e a informação de que está avançado
o acordo para que o governador
de Minas Gerais, Aécio Neves
(PSDB), seja seu vice na disputa
pela Presidência em 2010.
"Questão de CPI é do Congresso. Tenho por norma nunca me pronunciar sobre isso."
Segundo tucanos, nem Serra
-que costuma registrar suas
queixas quando contrariado-
nem Aécio reclamaram da
atuação do PSDB no Senado.
"Eles não se queixaram",
afirmou o presidente do PSDB,
senador Sérgio Guerra (PE).
Serra avisou que não falaria
sobre negociações para que Aécio seja seu vice. O governador
de Minas, por sua vez, chamou
de "invencionice" a divulgação
do arremate desse acordo.
Aécio disse que não há hipótese de isso ocorrer, embora ele
mesmo tenha admitido que a
possibilidade fora objeto do
jantar com Serra no último dia
27, em Belo Horizonte.
No dia seguinte ao da conversa, questionado se a chapa puro-sangue fora pauta do encontro, Aécio afirmou que "todos
os cenários" eleitorais foram
discutidos naquela noite.
Ontem, Aécio falou em "presunção" para qualificar essa
proposta. "Qualquer negociação ou qualquer construção de
uma chapa de um só partido,
qualquer que seja esse partido,
não tem eficácia eleitoral, e
acho que ela tem uma grande
dose de presunção. Não faz
bem ao PSDB", afirmou.
Ao receber ontem a bancada
nacional do PR, que pôs a sigla à
sua disposição para eventual
mudança de partido, Aécio foi
questionado se a "invencionice" partia dos defensores da
candidatura Serra.
"Não sei de quem, mas é uma
desinformação. Se alguém tem
algum interesse em plantar isso, essa pessoa é que tem de
responder. Recebo essa notícia
como uma grande piada", afirmou Aécio, que encontraria o
presidente Fernando Henrique
Cardoso, patrocinador do acordo, ainda na noite de ontem.
À noite, após uma palestra
para estudantes em Belo Horizonte, FHC também negou que
haja um acordo estabelecido
entre Aécio e Serra e que ele o
tenha articulado. "Eu não conversei com ninguém. Fiquei
surpreso com a notícia. O Aécio
é candidato a presidente; o Serra, também. Qualquer um dos
dois será o meu candidato. Não
existe isso [um acordo]. Acho
que é uma precipitação", disse.
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