São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUMO ÀS ELEIÇÕES

Lula ainda fará última tentativa de viabilizar aliança

Divergências nos Estados sepultam coligação PT-PL

João Wainer - 13.jun.02/Folha Imagem
Lula e o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto


DO PAINEL, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT e o PL anunciam oficialmente hoje à tarde que a aliança formal entre os dois partidos na eleição presidencial não vingou.
A decisão foi tomada ontem após reunião de mais de cinco horas entre os presidentes do PT, José Dirceu, e do PL, Valdemar Costa Neto. Problemas incontornáveis entre as siglas em nove Estados impediram a aliança formal.
Com a coligação formal sepultada, os liberais se comprometem a dar apoio político ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, mas não indicarão o senador e empresário José Alencar (MG) como candidato a vice. É uma derrota política para Lula, que investiu pessoalmente na coligação e em Alencar.
Na cúpula do PT, teme-se que franjas do PL na prática se dispersem entre as demais candidaturas, beneficiando sobretudo Anthony Garotinho. Assim como o presidenciável do PSB, setores do PL são evangélicos.
Numa última tentativa de reverter um quadro dado como certo, Lula tentaria ainda ontem à noite conversar por telefone com setores do PT que se opõem à aliança. Mas os próprios dirigentes dos partidos não acreditam que a decisão possa ser modificada.
"Hoje a possibilidade é menor do que ontem. A cada dia que passa, mais problemas surgem", afirmou Valdemar Costa Neto (SP).
O deputado José Genoino (SP), vice-presidente do PT, disse que não há mais nenhuma possibilidade de coligação formal, opinião compartilhada pelo líder na Câmara, João Paulo Cunha (SP).
Há "barreiras intransponíveis", segundo um dirigente do PT, em nove Estados: Acre, Alagoas, Amapá, Rio Grande do Sul, Paraná, Ceará, Santa Catarina, Rondônia, Roraima e Pará.
Nesses locais, políticos do PL cobram de Valdemar que só entraram no partido com a promessa de que teriam total liberdade de alianças, o que seria impossível com a coligação com o PT.
Já esses diretórios petistas, em sua maioria dominados pela esquerda do partido, se recusaram a aceitar a aliança com um partido conservador.
Uma nota conjunta, a ser assinada pelos presidentes dos dois partidos, anunciando que haveria apenas a aliança informal, chegou a ser redigida na tarde de ontem. No mesmo documento, o PT reforçaria o convite para José Alencar ser vice caso a decisão do PL fosse modificada até o dia 30 e pedia que o senador participasse da campanha de Lula.
No início da noite, porém, Valdemar mandou segurar a nota até a reunião de hoje, quando ela deverá enfim ser divulgada.
Mesmo sem ser vice, José Alencar participará da campanha de Lula e deve viajar com o candidato pelo país. O apoio de Alencar, ex-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, é considerado uma maneira de sinalizar para o mercado que o PT não fará mudanças radicais na economia. (OTÁVIO CABRAL E LUCIO VAZ)



Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Petistas mudam local e porte da convenção de Lula
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.