São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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JANIO DE FREITAS

Um tema forte

A Companhia Siderúrgica Brasileira deixa de ser brasileira. É agora empresa estrangeira controlada por ingleses e holandeses, passa a ter sede em Londres e logo terá outro nome. Mas não só ingleses e holandeses recebem este presente. No momento em que ocorre, é também um presente político, por menos pretendido que fosse, para os adversários do candidato do governo em que a política de privatização e desnacionalização da economia brasileira leva a esta culminância.
As providências para sonegação da notícia, ou ao menos o seu tratamento como irrelevância, deram resultado na mídia, mas isso não promete resultado semelhante na campanha eleitoral. A par dos seus aspectos econômicos, de grande significação estratégica, e sociais, a siderúrgica de Volta Redonda está revestida de simbolismos cívicos e históricos altamente emocionalizantes.
E não sem fundamento. A privatização da CSN, pólo gerador da industrialização brasileira, já foi um passo temerário, para dele dizer o menos. A desnacionalização e, portanto, a entrega do seu controle a interesses estrangeiros, em meio à guerra do aço pelo mundo afora, talvez não tarde a mostrar a sua face deletéria.

As derrubadas
Os economistas idólatras do mercado e seus jornalistas recorrem a um argumento cego, para dizer que a redução da taxa governamental de juros não tem sentido eleitoral. Dizem que os efeitos da medida só se produzirão daqui a pelo menos seis meses, depois, portanto, de passadas a campanha e mesmo a eleição.
Não percebem, uns, e por má-fé outros fingem não perceber que mesmo esse ridículo meio porcento é tratado em manchetes e artigos como "derrubada dos juros". O efeito psicológico é imediato, ainda que não haja, nem daqui a seis meses, consequência objetiva.
O governo sabe disso e não foi por outro motivo que, em cima mesmo de outra derrubada, esta verdadeira e nas pesquisas eleitorais, correu para produzir as manchetes com a falsa "derrubada dos juros".
Assim como esta anunciando a esta altura um projeto de casas populares. Teve sete anos e meio para fazê-lo, e não usou ou usou em fins subalternos os recursos da Caderneta de Poupança que são destinados ao problema habitacional. A cinco meses do seu passamento, já posto em estado comatoso, mas em plenas aflições eleitorais, vem o projeto que só tem tempo de tapear eleitores.

Bingo
Prova definitiva de que Ciro Gomes vive um momento especial: está quase recebendo apoio até do presidente do seu partido, senador Roberto Freire.



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