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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/NOVAS VERSÕES
Publicitário cita 11 nomes ao procurador-geral da República e envolve José Dirceu
Valério lista autorizados pelo PT a sacar dinheiro em banco
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento à Procuradoria
Geral da República, o publicitário
Marcos Valério Fernandes de
Souza listou 11 pessoas que teriam
sido autorizadas pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares a sacar
dinheiro dos empréstimos de R$
39 milhões que teria obtido para o
partido. E envolveu José Dirceu
na operação.
Ouvido no dia seguinte pelo
procurador-geral da República,
Delúbio Soares afirmou reconhecer três nomes da lista: Wilmar
Lacerda, Raimundo Ferreira Silva
Júnior e Solange Pereira de Oliveira. Raimundo é vice-presidente e
Wilmar preside o PT no DF.
Outra diferença nos depoimentos do publicitário mineiro e do
ex-tesoureiro diz respeito a quem,
na cúpula petista, sabia dos recursos obtidos por caixa dois para as
campanhas do PT.
Valério disse que Delúbio afirmou que as operações eram de
conhecimento do então ministro
José Dirceu (Casa Civil) e do então secretário-geral do PT, Sílvio
Pereira, e que ambos poderiam
garantir o pagamento dos empréstimos numa eventualidade. Já
Soares poupou Dirceu e confirmou que Pereira sabia.
O ex-secretário-geral do PT será
ouvido hoje pela CPI dos Correios, que recebeu cópias dos depoimentos de Valério e Delúbio.
A CPI também analisa detalhes
de seis empréstimos tomados por
empresas ligadas a Marcos Valério no BMG (Banco de Minas Gerais) e no Banco Rural entre fevereiro de 2003 e julho de 2004. A
soma dos valores financiados supera os R$ 39 milhões mencionados por Valério e chega perto dos
R$ 70 milhões, sem correção.
O publicitário listou ao procurador-geral da República 11 pessoas que teriam sido autorizadas
pelo então tesoureiro do PT para
receber recursos em dinheiro vivo. "Não me recordo", afirmou
Delúbio sobre os demais nomes.
São eles: José Nilson dos Santos,
Rui Milan, Anita Leocádia, Roberto Costa Pinho, Áureo Markato, Renata Maciel Rezende Costa,
Luiz Mazano e José Luiz Alves.
Leocádia é assessora do líder do
PT na Câmara, Paulo Rocha (PT-PR), que disse não ter conhecimento de saques feitos por ela.
No depoimento de quinta-feira
passada, Valério disse que o dinheiro dos empréstimos teria sido usado para financiar as campanhas dos deputados Roberto
Jefferson (PTB-RJ), autor da denúncia do "mensalão", e Carlos
Rodrigues (PL-RJ).
Delúbio contou que recorrera
aos empréstimos porque, apesar
da vitória nas eleições presidenciais, teve "muita dificuldade" para obter recursos para as campanhas municipais de 2004. Disse
também que o PT recorrera a empréstimos (no Rural e BMG) para
pagar gastos que seriam do PT,
para cobrir despesas efetuadas na
transição e na posse presidencial.
O procurador perguntou por
que o ex-tesoureiro recorrera aos
empréstimos tomados pelo publicitário mineiro em 2004. Delúbio
respondeu: "Para não gerar expectativa infundada nos eventuais contribuintes", sugerindo
que doadores formais pudessem
exigir contrapartidas do governo
ou do PT aos pagamentos.
Segundo integrantes da comissão que tiveram acesso aos depoimentos, o publicitário teria manifestado preocupação com o fato
de Delúbio deixar a tesouraria do
PT e ele ficar sem receber o dinheiro que, corrigido, chegaria a
R$ 93 milhões. Ainda segundo o
relato de parlamentares, Marcos
Valério contou que teria sido acalmado por Delúbio. O tesoureiro
teria dito ao publicitário que não
haveria problemas para saldar a
dívida, já que Dirceu e Silvio saberiam da operação.
A preocupação deve-se ao fato
dos empréstimos terem sido feitos por contratos de gaveta.
Valério e Delúbio apresentaram
a mesma versão para os altos valores em dinheiro sacados das
contas das agências de publicidade DNA e SMPB no Banco Rural.
(MARTA SALOMON, RUBENS VALENTE e FERNANDA KRAKOVICS)
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