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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/GOVERNO & PARTIDO
Procurado pelo advogado do ex-tesoureiro, Thomaz Bastos sugeriu depoimento na sexta
Ministro da Justiça orientou Delúbio a falar ao procurador
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Foi o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, quem orientou o ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares a prestar depoimento diretamente ao procurador-geral da
República, Antonio Fernando de
Souza. Nesse depoimento, que
aconteceu na última sexta-feira,
Delúbio deu a nova versão de que
todos os petistas têm "caixa dois"
de campanha.
Thomaz Bastos falou duas vezes
com o advogado de Delúbio, Arnaldo Malheiros. Numa das vezes,
por telefone. A outra foi pessoalmente, em São Paulo, na sexta-feira passada.
Na versão oficial, Malheiros
procurou o ministro, que é seu
amigo, para dizer que Delúbio
pretendia retificar seu depoimento do último dia 8 à Polícia Federal, em que negou o pagamento
do suposto "mensalão" para parlamentares sob o argumento de
que o PT estava cheio de dívidas
de campanha.
Thomaz Bastos sugeriu a Malheiros que, em vez de voltar à PF
-que é subordinada ao Ministério da Justiça-, Delúbio deveria
ir direto ao procurador-geral da
República. O próprio ministro teria telefonado ao procurador para
intermediar o encontro, que foi
na própria sexta-feira.
Nova versão
A nova versão do tesoureiro do
PT para os recursos milionários
do publicitário Marcos Valério
Fernandes de Souza, de que serviam para pagar o "caixa dois", foi
dada para a Procuradoria na mesma sexta-feira em que o próprio
Valério foi à TV Globo dizer que
os recursos vinham de "empréstimos bancários" e eram repassados por "orientação do Delúbio".
Um dia antes, na quinta-feira,
Marcos Valério já tinha falado à
Procuradoria Geral da República.
Por causa da coincidência de
datas e de versões, a oposição suspeita que tudo isso seja uma armação, a exemplo da Operação
Uruguai, que tentou, sem sucesso,
justificar milhões de reais de origem duvidosa durante o governo
do ex-presidente Fernando Collor
de Mello (1989-1992).
Para aumentar a suspeita oposicionista, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva também deu entrevista, que foi ao ar no domingo,
corroborando a tese de que "o
que o PT fez do ponto de vista
eleitoral é o que é feito no Brasil
sistematicamente".
Estratégia
A análise é a de que há uma estratégia do governo para distribuir as denúncias que hoje são
contra o PT por todos os demais
partidos brasileiros.
Por trás dessa estratégia estaria
o ministro da Justiça, que é advogado criminalista e que se reuniu
até de madrugada, na quarta-feira
passada, com os dois outros principais articuladores políticos do
governo: os ministros Antonio
Palocci Filho, da Fazenda, e Jaques Wagner, que acumula a
coordenação política com o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
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