São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/MALA SUSPEITA

Advogado de petista preso com mala de dinheiro e US$ 100 mil na cueca diz que valor era para empresa de locação; amigo afirma ser mentira

Versão de ex-assessor é contestada por sócio

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Em sua primeira aparição depois de ter sido preso com R$ 200 mil numa mala e US$ 100 mil na cueca, o ex-dirigente do PT no Ceará José Adalberto Vieira da Silva assumiu ontem toda a responsabilidade pelo dinheiro que tentava embarcar para Fortaleza e disse que não há nenhum envolvimento político na história.
Sua versão, porém, é refutada por seu amigo José Vicente Ferreira, com quem trabalhava no gabinete do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE), até ser preso, há dez dias.
Segundo o advogado Neuzemar Gomes de Moraes, que defende Adalberto em Fortaleza, o ex-dirigente petista, que foi solto pela Justiça na semana passada, afirma que o dinheiro que levava seria para investir na abertura de uma locadora de veículos no Ceará. Adalberto diz que o dono do dinheiro é um amigo cearense que mora em São Paulo e tinha interesse em participar do negócio.
Seria necessário buscar o dinheiro em espécie porque Adalberto, segundo o advogado, não tinha conta bancária. "Mas todo o dinheiro tem origem legal, até mesmo os dólares, e isso será provado", disse Moraes. O petista disse que só fala o nome do amigo em juízo e negou que levasse os dólares na cueca.
Adalberto afirma que Guimarães e o advogado Kennedy Moura, ex-assessor do BNB (Banco do Nordeste do Brasil), que chegou a ser apontado como o possível dono do dinheiro, não têm nada a ver com o caso.
Adalberto confirmou a história já contada por seu ex-chefe, Guimarães -que, na semana passada, apareceu com a versão de que o dinheiro flagrado com seu então assessor seria para a abertura de uma locadora de veículos-mas José Vicente Ferreira, o próprio sócio dele no negócio, que está registrado em nome de Ferreira e da mulher de Adalberto, diz que a versão não é verdadeira.
Ferreira disse ontem não acreditar no que ouvia, quando avisado pela Folha sobre o conteúdo da fala de seu amigo e sócio. "Não acredito. Essa história é falsa."
Ferreira repudiou a versão de que o dinheiro que estava com Adalberto pudesse ter como destino a empresa deles, a Estrada Locação e Serviços.

Outro lado
O deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE) foi procurado ontem pela Folha, mas não foi encontrado durante todo o dia. Há quatro dias, a reportagem tenta falar com ele, mas o deputado não atende os telefonemas.
Guimarães afirmou, na semana passada, não ter nada a ver com a prisão de seu assessor José Adalberto Vieira da Silva nem com o dinheiro que ele tentava transportar de São Paulo para Fortaleza.


Texto Anterior: "Pareceu encomenda", diz Fernando Gabeira
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.