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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/MALA SUSPEITA
Advogado de petista preso com mala de dinheiro e US$ 100 mil na cueca diz que valor era para empresa de locação; amigo afirma ser mentira
Versão de ex-assessor é contestada por sócio
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Em sua primeira aparição depois de ter sido preso com R$ 200
mil numa mala e US$ 100 mil na
cueca, o ex-dirigente do PT no
Ceará José Adalberto Vieira da
Silva assumiu ontem toda a responsabilidade pelo dinheiro que
tentava embarcar para Fortaleza e
disse que não há nenhum envolvimento político na história.
Sua versão, porém, é refutada
por seu amigo José Vicente Ferreira, com quem trabalhava no
gabinete do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE), até
ser preso, há dez dias.
Segundo o advogado Neuzemar
Gomes de Moraes, que defende
Adalberto em Fortaleza, o ex-dirigente petista, que foi solto pela
Justiça na semana passada, afirma
que o dinheiro que levava seria
para investir na abertura de uma
locadora de veículos no Ceará.
Adalberto diz que o dono do dinheiro é um amigo cearense que
mora em São Paulo e tinha interesse em participar do negócio.
Seria necessário buscar o dinheiro em espécie porque Adalberto, segundo o advogado, não
tinha conta bancária. "Mas todo o
dinheiro tem origem legal, até
mesmo os dólares, e isso será provado", disse Moraes. O petista
disse que só fala o nome do amigo
em juízo e negou que levasse os
dólares na cueca.
Adalberto afirma que Guimarães e o advogado Kennedy Moura, ex-assessor do BNB (Banco do
Nordeste do Brasil), que chegou a
ser apontado como o possível dono do dinheiro, não têm nada a
ver com o caso.
Adalberto confirmou a história
já contada por seu ex-chefe, Guimarães -que, na semana passada, apareceu com a versão de que
o dinheiro flagrado com seu então
assessor seria para a abertura de
uma locadora de veículos-mas
José Vicente Ferreira, o próprio
sócio dele no negócio, que está registrado em nome de Ferreira e da
mulher de Adalberto, diz que a
versão não é verdadeira.
Ferreira disse ontem não acreditar no que ouvia, quando avisado pela Folha sobre o conteúdo
da fala de seu amigo e sócio. "Não
acredito. Essa história é falsa."
Ferreira repudiou a versão de
que o dinheiro que estava com
Adalberto pudesse ter como destino a empresa deles, a Estrada
Locação e Serviços.
Outro lado
O deputado estadual José Nobre
Guimarães (PT-CE) foi procurado ontem pela Folha, mas não foi
encontrado durante todo o dia.
Há quatro dias, a reportagem tenta falar com ele, mas o deputado
não atende os telefonemas.
Guimarães afirmou, na semana
passada, não ter nada a ver com a
prisão de seu assessor José Adalberto Vieira da Silva nem com o
dinheiro que ele tentava transportar de São Paulo para Fortaleza.
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