LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O empresário José Vicente Brizola, 54, filho do ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro Leonel Brizola (1922-2004), adiantou ontem que falará em seu depoimento de hoje à CPI dos Bingos, marcado para as 16h, sobre financiamento por parte de bicheiros para a campanha majoritária do PT no Rio Grande do Sul em 2002.
Ele disse que falará sobre o financiamento da campanha da candidata do PT ao Senado, Emília Fernandes, que se tornou a primeira secretária especial da Mulher no governo Lula. A ex-senadora, que deixou o governo em 2004, disse que as declarações de Brizola são "fantasias".
A chapa majoritária do PT naquela época tinha como candidato ao governo do Estado o atual presidente do PT, Tarso Genro.
"Ela tinha caixa dois. Não sei se era só dela ou de toda a chapa majoritária do PT. Como dificilmente não há campanha para senador isolada, acho que era para todos da chapa majoritária", disse José Vicente à Folha.
A Folha examinou a lista de financiadores para a campanha de Tarso Genro em 2002. Oficialmente, não consta da listagem dos 783 doadores nenhum empresário da área de jogos ou algum envolvido nos escândalos investigados pelo Congresso.
De acordo com o filho de Brizola, quem recebia os bicheiros era o filho de Emília, Carlos Fernandes, que trabalhava com ela.
"Vou insistir, durante meu depoimento, em um assunto: a maneira de comprovar tudo o que digo é a quebra de sigilo telefônico da ex-senadora e do seu filho. Bancário, também", afirmou.
Na época, José Vicente Brizola era diretor da Lotergs (empresa responsável pelos jogos no Rio Grande do Sul).
O governador era o atual ministro Olívio Dutra (Cidades), que enfrentou CPI na Assembléia Legislativa sobre a segurança pública, com foco no suposto financiamento de bicheiros para o PT. José Vicente ficou no cargo de janeiro de 2001 a dezembro de 2002.

Outro lado
Emília Fernandes, atualmente consultora da Unesco, disse que seus advogados já estão "de prontidão" para reagir às declarações de José Vicente, as quais classificou como "fantasias".
Emília procurou desqualificar seu acusador, contra quem já entrou com duas ações por "difamação e calúnia". "A trajetória dele é a de um homem sem controle. Não tenho informações sobre caixa dois no PT, nem para mim nem para ninguém."
O presidente do PT, Tarso Genro, disse que todas as informações dadas em CPIs "serão absorvidas e devidamente checadas".


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