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Corregedoria recebe dossiê e começa a investigar Argello
Romeu Tuma diz que pedirá informações a órgãos públicos para apurar "falcatruas"
Corregedor fará apuração prévia que pode embasar processo no Conselho de Ética; segundo ele, Argello estaria ameaçando colegas
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após a posse de Gim
Argello (PTB-DF) no Senado, o
corregedor da Casa, Romeu Tuma (DEM-SP), reafirmou que
vai requisitar a órgãos públicos
informações que possam comprovar "falcatruas" das quais o
novo senador é suspeito de ter
participado enquanto foi deputado distrital, de 1999 a 2006.
"A própria circulação de notícias na imprensa e mais o dossiê apresentado hoje por cinco
partidos fazem referência a falcatruas que ele teria praticado
na Câmara Legislativa [do Distrito Federal], inclusive fraudando, segundo eles, três leis. A
gente tem como buscar essas
informações nos locais indicados e requisitar toda essa materialidade", disse Tuma.
Minutos antes, o corregedor
havia recebido um dossiê assinado pelas representações no
Distrito Federal de PT, PC do B,
PPS, PDT e PSB, CUT (Central
Única dos Trabalhadores) e
UNE (União Nacional dos Estudantes), adversários políticos
de Argello.
O documento resume suspeitas contra o novo senador -que
assumiu a vaga deixada por
Joaquim Roriz (PMDB-DF).
Argello responde a processos
ou inquéritos civis e criminais,
foi citado em 2002 como beneficiário de propina, foi investigado por grilagem de terra, é
acusado de causar prejuízo milionário à Câmara Distrital e de
ter participado de fraude na
aprovação de leis de regularização fundiária enquanto presidia a Casa -emendas e leis teriam sido enviadas à sanção do
Executivo mesmo não tendo sido votadas em plenário.
Além disso, o senador é investigado por supostamente
ter intermediado a venda de
terreno em Brasília que teve
valorização de R$ 72 milhões
graças a lei aprovada por seu
grupo político na Câmara Distrital. A venda teria beneficiado
empresa ligada a Nenê Constantino, presidente do Conselho de Administração da Gol.
O PSOL protocolou anteontem, cerca de uma hora após a
posse de Argello, uma representação para que ele seja investigado pelo Conselho de Ética da Casa. O processo, que pode resultar em cassação, só deve ter início em agosto, por causa do recesso parlamentar. Em
tese, o trabalho de Tuma dará
subsídios aos parlamentares do
Conselho de Ética.
O corregedor tem a função de
fazer uma investigação prévia
-antes do processo no conselho- sobre acusações de irregularidades contra senadores,
mas não tem poder de convocar
depoentes, apenas de convidar.
Ele também pode solicitar cooperação de outros órgãos.
No final da investigação do
corregedor ele recomenda à
Mesa do Senado a abertura ou
não de processo de cassação no
Conselho de Ética. No caso de
Argello, o processo já será aberto porque houve o pedido do
PSOL.
Tuma disse também que ouviu relato de que Argello teria
ameaçado preparar dossiês
contra senadores que o criticam. "Isso é prática de máfia. Se
ele tem acusações contra senadores, deve representar contra
eles, não ameaçá-los", disse.
A assessoria do senador negou ontem, "com veemência",
que Argello esteja preparando
dossiês contra senadores e disse que ele deve se pronunciar
nos próximos dias sobre as acusações.
Outro lado
O advogado de Argello, Maurício Corrêa, entregou anteontem a Tuma uma defesa de seu
cliente intitulada "Especulações e Fatos".
Nela, o senador diz que suas
pendências com a Justiça ainda
estão em fase inconclusivas e
nega ter fraudado leis -diz que
houve apenas "erros, sem que
houvesse má-fé".
Sobre a suspeita de que recebeu R$ 500 mil pela intermediação da venda do terreno supervalorizado, ele diz apenas
que tem a "consciência de que
não teve qualquer participação" no episódio.
"Não se pode exigir de qualquer cidadão que apresente esclarecimentos sobre versões
desencontradas, fragmentadas
e narradas de forma dispersa",
diz trecho do documento, que
acrescenta: "Ser ou não amigo
de Roriz ou de Nenê Constantino não pode ser motivo para incriminar ninguém".
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