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QUESTÃO AGRÁRIA
Movimento prepara novas ações para os próximos dias
MST invade fazendas e põe
fogo em pasto no Pontal
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha, em Caiuá (SP)
O MST invadiu duas fazendas e incendiou
a pastagem de
uma delas no
Pontal do Paranapanema. As
duas áreas estavam sendo negociadas com o governo para assentamentos.
As invasões foram as primeiras
depois do fim da trégua anunciada
pelo MST no Pontal (extremo oeste de São Paulo), que durava desde
fevereiro. O MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra)
promete mais invasões para os
próximos dias, mas não revela local nem data.
A estratégia, segundo o MST, está sendo adotada para evitar que os
movimentos sejam monitorados
pelos fazendeiros, que estão se organizando para defender as propriedades.
As ações aconteceram um dia
após os sem-terra terem recuado
na intenção de invadir fazendas
protegidas por brigadas de fazendeiros ligados à UDR (União Democrática Ruralista).
Segundo o coordenador estadual
do MST Walter Gomes da Silva, as
invasões foram a resposta ao ministro Raul Jungmann (Política
Fundiária), que havia considerado
como "blefe" as ameaças dos
sem-terra.
O presidente da UDR, Roosevelt
Roque dos Santos, disse que os fazendeiros só vão se reunir para se
defender quando souberem das
ações com antecedência.
"Depois que aconteceu, o remédio tem que ser jurídico. Não vamos perder a cabeça", disse.
Os ruralistas também afirmam
que, seguindo a estratégia dos
sem-terra, também estão pulverizando a proteção nas fazendas. Segundo Santos, "o que existe é a solidariedade entre proprietários vizinhos que se ajudam".
Uma das fazendas invadidas, a
Primavera 1, de 1.200 alqueires, em
Presidente Venceslau (635 km a
oeste de São Paulo), faz divisa com
a fazenda Dorvargi, de Santos.
Santos colocou seguranças a cavalo para proteger a área.
Os sem-terra começaram a chegar à Primavera por volta das 5h de
ontem. O fazendeiro Luiz Antonio
Coelho disse, logo após a invasão,
ter orientado seus funcionários a
não provocar os sem-terra.
Pelo menos 60% da fazenda Primavera 1 foi queimada pela manhã, segundo o Corpo de Bombeiros. A PM enviou 15 homens para o
local. Não houve conflito.
Os invasores são assentados que
estão provisoriamente em 30% da
área da fazenda.
Segundo o dirigente Gomes da
Silva, a invasão é para pressionar o
governo a liberar os 70% restantes
da área para assentamento.
A fazenda pertence à empresa
Utoliza S/A, de uma família italiana. Na mesma área convivem 90
famílias ligadas ao MST e 41 ao
movimento Brasileiros Unidos
Querendo Terra.
A primeira invasão ocorreu anteontem, por volta das 22h.
Cerca de 200 sem-terra entraram
na fazenda Maturi 1, de 680 alqueires, no município de Caiuá (650
km a oeste de São Paulo). A área é
utilizada para a criação de gado.
Ontem mesmo, eles montaram
um esquema de segurança e começaram a preparar a área para o
plantio de algodão e milho.
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