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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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PARTIDOS

Ex-governador e secretário de Segurança do RJ troca de partido, diz estar com "espírito desarmado" e tenta acalmar governistas

PMDB libera Garotinho para atacar Lula

Felipe Varanda/Folha Imagem
O secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, ao lado da mulher, a governadora Rosinha


MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), disse ontem que o ex-governador e secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, que anunciou a sua filiação ao partido, terá sinal verde para fazer as críticas que quiser ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
"Nas conversas que tivemos, ficou claro que isso [o aval para criticar o governo] é possível. No PMDB, [divergências] são mais do que normais", afirmou Temer, que estará presente à cerimônia de filiação do ex-governador à legenda, hoje, às 11h30, na sede nacional do partido, em Brasília.
Apesar da liberdade para criticar o governo, Garotinho disse que chega ao PMDB com o espírito desarmado: "O presidente disse na campanha que era o "Lulinha paz e amor". Então eu agora sou o Garotinho paz, amor, alegria, bondade, ternura, domínio próprio...". O ex-governador foi desfiliado do PSB, pelo qual disputou a Presidência no ano passado, justamente por criticar a política econômica e as reformas da Previdência e tributária.
Ontem, o governador do Paraná, Roberto Requião, da ala do PMDB fiel ao governo, classificou a filiação de Garotinho como "inconveniente". "Considero inconveniente entrar no PMDB alguém que faça oposição aberta ao governo federal. O PMDB é da base aliada. É o mesmo que aceitar a filiação no partido dos senadores Jorge Bornhausen [PFL-SC] e Heloísa Helena [PT-AL], que estão claramente na oposição. Isso não faz sentido", disse Requião, por meio de sua assessoria.
Numa tentativa de apaziguar os governistas, Garotinho viajou ontem para Brasília, onde se encontraria com o presidente do Senado, José Sarney, que era contrário a sua entrada no partido, e com o ministro José Dirceu (Casa Civil).
O ex-governador estava entre PDT e PMDB. Sua decisão se deveu a pressões de deputados federais de seu grupo político, que não queriam perder os benefícios de estar na base aliada em troca da oposição aberta dos pedetistas.
"O PMDB tem um segmento que optou por se consolidar na oposição e outro, que está com o governo. Garotinho vai optar por um bloco ou por outro. Agora, não há nenhum perigo de ele tirar o PMDB da condição de aliado", minimizou o deputado Professor Luizinho, um dos vice-líderes do governo na Câmara.

Rosinha
O ex-governador leva para o PMDB a mulher, a governadora Rosinha Matheus, e o vice-governador, Luiz Paulo Conde. A estimativa de Garotinho é de que entre 9 e 12 deputados federais troquem o PSB pelo PMDB, tornando a bancada a segunda maior do Congresso, atrás apenas do PT.
Na Assembléia do Rio, a bancada do PMDB, hoje com 13 parlamentares, deve chegar a 25. A expectativa é a de que todos os 12 deputados estaduais do PSB acompanhem Garotinho, além de 42 prefeitos dos 91 do Estado.
Para o presidente do PSB do Rio, deputado federal Alexandre Cardoso, aliado de primeira hora de Garotinho na campanha presidencial, a opção do ex-governador pelo PMDB foi "um erro".
"Existe um conjunto de partidos que nacionalmente são reconhecidos como de esquerda. O PMDB é de centro. Ao sair do campo dos partidos de esquerda, Garotinho comete um erro."
A decisão de Garotinho também terá reflexos no governo estadual. Os secretários Tito Ryff (Desenvolvimento Econômico) e Fernando Lopes (Controle e Gestão) resistem a entrar no PMDB.


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