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Filiação descontenta Planalto e aliados
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Logo em seguida à filiação do
grupo político de Anthony Garotinho ao partido, hoje, em Brasília, o PMDB se reúne com o governo federal para discutir a participação da legenda no ministério.
Garotinho prometeu filiar ao
PMDB até 12 deputados federais
do PSB, o que reforçaria o poder
de barganha do partido, que passaria a contar com a segunda
maior bancada da Câmara, com
78 deputados. No Senado, a sigla
já dispõe da maior bancada (22).
Candidato derrotado do PSB na
eleição presidencial de 2002, Garotinho assegurou à cúpula do
PMDB que não pretende usar a sigla para fazer oposição ao governo. Disse que suas diferenças com
o Planalto são isoladas e que seu
objetivo é ter base partidária forte
para defender interesses do Rio.
Insatisfação
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) foi informado de que a filiação era irreversível e de que os líderes do PMDB já não conseguiriam segurar "a insatisfação das
bancadas" em reunião com o líder no Senado, Renan Calheiros
(AL), na noite da última quinta.
Dirceu respondeu que o Planalto não via com simpatia a filiação
de Garotinho, mas que isso não
mudaria a relação do governo
com o PMDB. Concluíram por
uma nova reunião hoje à noite,
com a presença do presidente do
Senado, José Sarney (AP), e do líder do governo Aloizio Mercadante (PT-SP).
A pauta é específica: definir a
participação do PMDB no governo, em discussão desde novembro de 2002, mas nunca concretizada, a não ser por um ou outro
cargo do terceiro escalão. Se a
conversa chegar a bom termo, a
cúpula peemedebista deve se encontrar com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em seguida,
talvez depois de amanhã.
Nos bastidores do PMDB, Sarney, o líder na Câmara dos Deputados, Eunício Oliveira (CE), e o
governador do Paraná, Roberto
Requião, manifestaram-se contra
o ingresso de Garotinho.
Oliveira recebeu a garantia do
secretário de que seus deputados
seguiriam a orientação partidária
do líder e deu-se por satisfeito.
Requião cedeu ao argumento
segundo o qual o partido não poderia abrir mão de ter um governador na região Sudeste, além de
crescer com os 12 deputados prometidos. Sarney, que exprimia a
reação do Palácio do Planalto, nada pôde fazer. Estava previsto para ontem à noite um encontro dele com o secretário.
Para a cúpula do PMDB, a filiação de Garotinho é uma resposta
a setores centrais do governo que
estariam retardando sua entrada
no ministério com o argumento
de que o partido não tinha outra
opção a não ser o governo.
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