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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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Filiação descontenta Planalto e aliados

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Logo em seguida à filiação do grupo político de Anthony Garotinho ao partido, hoje, em Brasília, o PMDB se reúne com o governo federal para discutir a participação da legenda no ministério.
Garotinho prometeu filiar ao PMDB até 12 deputados federais do PSB, o que reforçaria o poder de barganha do partido, que passaria a contar com a segunda maior bancada da Câmara, com 78 deputados. No Senado, a sigla já dispõe da maior bancada (22).
Candidato derrotado do PSB na eleição presidencial de 2002, Garotinho assegurou à cúpula do PMDB que não pretende usar a sigla para fazer oposição ao governo. Disse que suas diferenças com o Planalto são isoladas e que seu objetivo é ter base partidária forte para defender interesses do Rio.

Insatisfação
O ministro José Dirceu (Casa Civil) foi informado de que a filiação era irreversível e de que os líderes do PMDB já não conseguiriam segurar "a insatisfação das bancadas" em reunião com o líder no Senado, Renan Calheiros (AL), na noite da última quinta.
Dirceu respondeu que o Planalto não via com simpatia a filiação de Garotinho, mas que isso não mudaria a relação do governo com o PMDB. Concluíram por uma nova reunião hoje à noite, com a presença do presidente do Senado, José Sarney (AP), e do líder do governo Aloizio Mercadante (PT-SP).
A pauta é específica: definir a participação do PMDB no governo, em discussão desde novembro de 2002, mas nunca concretizada, a não ser por um ou outro cargo do terceiro escalão. Se a conversa chegar a bom termo, a cúpula peemedebista deve se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seguida, talvez depois de amanhã.
Nos bastidores do PMDB, Sarney, o líder na Câmara dos Deputados, Eunício Oliveira (CE), e o governador do Paraná, Roberto Requião, manifestaram-se contra o ingresso de Garotinho.
Oliveira recebeu a garantia do secretário de que seus deputados seguiriam a orientação partidária do líder e deu-se por satisfeito.
Requião cedeu ao argumento segundo o qual o partido não poderia abrir mão de ter um governador na região Sudeste, além de crescer com os 12 deputados prometidos. Sarney, que exprimia a reação do Palácio do Planalto, nada pôde fazer. Estava previsto para ontem à noite um encontro dele com o secretário.
Para a cúpula do PMDB, a filiação de Garotinho é uma resposta a setores centrais do governo que estariam retardando sua entrada no ministério com o argumento de que o partido não tinha outra opção a não ser o governo.


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