São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ROMBO AMAZÔNICO

Ex-senador é suspeito em mais um caso de fraude à Sudam

Justiça decreta a prisão de Jader e de mais 8 acusados

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

A Justiça Federal de Mato Grosso decretou ontem à tarde a prisão preventiva do ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e do candidato a deputado estadual pelo PMDB José Artur Guedes Tourinho. Eles são acusados de fraudes na extinta Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia).
Além deles, a Justiça Federal decretou a prisão de mais sete empresários acusados de envolvimento nas fraudes na Sudam: José Osmar Borges, Ricardo Jerônimo, Alberto Cury Júnior, Mário de Mello, Mário de Mello Júnior, Pedro de Oliveira Rodrigues e Jorge Gerônimo Gonso. A Agência Folha não conseguiu localizar os empresários ontem.
Esta é a segunda vez que Jader e Tourinho, ex-superintendente da Sudam, têm a prisão decretada pela Justiça por causa de acusações de fraude na Sudam. Jader é candidato a deputado federal.
A prisão foi decretada pelo juiz da 2ª Vara Federal de Mato Grosso, Jeferson Schinaider, a pedido do procurador federal Pedro Taques. A carta precatória com o pedido de prisão foi expedida pela 4ª Vara Federal de Belém para que a Polícia Federal cumprisse a ordem. Até as 22h de ontem nenhum deles havia sido preso.
Jader estaria, ontem à noite, fazendo campanha no interior, mas haveria um acordo para ele se entregar hoje.
Os advogados de Jader Barbalho e José Artur Guedes Tourinho entraram ontem à noite com pedidos de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Até as 23h, os pedidos não haviam sido julgados.
O advogado de Jader em Belém, Edson Messias, informou que não havia sido notificado pela Justiça ontem até as 22h.
Desta vez Jader e Tourinho tiveram a prisão decretada por envolvimento com o empresário goiano José Osmar Borges, acusado de ser um dos maiores fraudadores da Sudam. Segundo o Ministério Público Federal, a prisão foi decretada por causa de R$ 246 milhões que o grupo Pirâmide, de Borges, teria desviado da entidade. Na quebra de sigilos telefônicos de Borges e Jader, o Ministério Público encontrou mais de mil ligações telefônicas entre os dois.

Desvios
O procurador Pedro Taques informou ontem que pediu a prisão por causa do alto valor desviado. Borges é acusado de desviar R$ 133 milhões. Ele e Jader foram sócios, de 96 a 98, em uma fazenda no Pará. Os procuradores de Mato Grosso apuraram que Borges usava da influência de Jader para obter a aprovação de projetos da Sudam. Borges, preso pela PF em 2001 e depois libertado, também foi sócio da mulher de Jader, Márcia Zaluth Centeno, na fazenda Campo Maior (nordeste do Pará).
Também foi identificado em 2001 um depósito de R$ 400 mil feito em 96 por uma empresa de Borges na conta de Jader. Segundo o Ministério Público, Borges foi flagrado há dois anos fazendo dois depósitos (R$ 100 mil e R$ 50 mil) para o jornal "Diário do Pará", da família Barbalho.
Com Tourinho, o ex-senador foi preso pela PF em fevereiro, em Belém (PA), e levado a Tocantins, acusado pelo Ministério Público de comandar uma "organização criminosa" que fraudou cerca R$ 132 milhões a extinta Sudam. Este é outro caso, apesar de também envolver desvios na entidade. Jader é apontado neste processo como beneficiário de R$ 14 milhões.
Na ocasião, eles foram liberados no mesmo dia por meio de habeas corpus. Os dois negaram o envolvimento em depoimento, em março. Os dois também foram denunciados pelo Ministério Público por envolvimento em desvios de verbas do projeto Usimar.



Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Outro Lado: Jader afirma não ter favorecido suposto fraudador
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.