São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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Depoentes contradizem afirmação de Paulinho

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depoimentos colhidos pela Procuradoria da República de Marília contradizem a versão apresentada pelo sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, vice do presidenciável Ciro Gomes (PPS), sobre a compra de uma fazenda por meio do Banco da Terra -programa de financiamento rural do governo federal.
O Ministério Público Federal investiga, há cerca de um ano, se a aquisição da fazenda Ceres, em Piraju (interior de São Paulo), foi superfaturada em nome da Força Sindical. Na época da compra, em abril de 2001, a central era presidida pelo vice de Ciro.
Em sua defesa, o sindicalista afirmou que o valor pago é "compatível" com o de outros imóveis da região e que o papel da central limitava-se a assessorar tecnicamente as famílias que seriam beneficiadas -a entidade, segundo ele, não participou da transação financeira. Os dois argumentos foram contestados por pessoas ouvidas pela Procuradoria.
Ontem, o engenheiro Antônio Afonso Marinho Lessa, que há 15 anos trabalha com avaliação de imóveis, classificou de "absurdo" os R$ 2,3 milhões pagos pelo Banco da Terra na compra da fazenda. Segundo ele, a área não valeria mais do que R$ 1,32 milhão. "Em Piraju, não conheço outro imóvel tão ruim quanto a fazenda Ceres, que tem 50% de sua área coberta por mata nativa, que é de preservação permanente."

Transação financeira
O segundo argumento sustentado por Paulinho -de que a Força Sindical não tinha envolvimento na transação financeira- foi questionado por Miguel Chibani Bakr, que era gerente da agência do Banco do Brasil em Piraju na época da compra da fazenda Ceres com verba do Banco da Terra.
No último dia 10, Bakr declarou ter liberado o dinheiro a pedido do conselho curador do Banco da Terra, cujo representante, segundo ele, era Paulinho ou, na ausência deste, João Pedro de Moura, assessor da central sindical.
"O banco não podia contratar nem liberar dinheiro sem a assinatura de um dos representantes do conselho curador do Banco da Terra", afirmou o ex-gerente.
Bakr disse que o Banco do Brasil era "mero repassador de verbas" e que "sempre cumpri o que a Força Sindical determinou".



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