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Depoentes contradizem afirmação de Paulinho
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Depoimentos colhidos pela
Procuradoria da República de
Marília contradizem a versão
apresentada pelo sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, vice do presidenciável Ciro Gomes
(PPS), sobre a compra de uma fazenda por meio do Banco da Terra -programa de financiamento
rural do governo federal.
O Ministério Público Federal investiga, há cerca de um ano, se a
aquisição da fazenda Ceres, em
Piraju (interior de São Paulo), foi
superfaturada em nome da Força
Sindical. Na época da compra, em
abril de 2001, a central era presidida pelo vice de Ciro.
Em sua defesa, o sindicalista
afirmou que o valor pago é "compatível" com o de outros imóveis
da região e que o papel da central
limitava-se a assessorar tecnicamente as famílias que seriam beneficiadas -a entidade, segundo
ele, não participou da transação
financeira. Os dois argumentos
foram contestados por pessoas
ouvidas pela Procuradoria.
Ontem, o engenheiro Antônio
Afonso Marinho Lessa, que há 15
anos trabalha com avaliação de
imóveis, classificou de "absurdo"
os R$ 2,3 milhões pagos pelo Banco da Terra na compra da fazenda. Segundo ele, a área não valeria
mais do que R$ 1,32 milhão. "Em
Piraju, não conheço outro imóvel
tão ruim quanto a fazenda Ceres,
que tem 50% de sua área coberta
por mata nativa, que é de preservação permanente."
Transação financeira
O segundo argumento sustentado por Paulinho -de que a Força
Sindical não tinha envolvimento
na transação financeira- foi
questionado por Miguel Chibani
Bakr, que era gerente da agência
do Banco do Brasil em Piraju na
época da compra da fazenda Ceres com verba do Banco da Terra.
No último dia 10, Bakr declarou
ter liberado o dinheiro a pedido
do conselho curador do Banco da
Terra, cujo representante, segundo ele, era Paulinho ou, na ausência deste, João Pedro de Moura,
assessor da central sindical.
"O banco não podia contratar
nem liberar dinheiro sem a assinatura de um dos representantes
do conselho curador do Banco da
Terra", afirmou o ex-gerente.
Bakr disse que o Banco do Brasil
era "mero repassador de verbas"
e que "sempre cumpri o que a
Força Sindical determinou".
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