São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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MINAS

Partido, responsável pelo envio das fitas a serem exibidas, alega que siglas não contribuem financeiramente para a campanha

PT exclui da propaganda candidatos aliados

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Faltando 17 dias para as eleições, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mantendo na ponta da corrida presidencial e liderando com folga em Minas Gerais, o PT mineiro provocou uma nova crise envolvendo o PL e outros aliados. O partido retirou dos programas eleitorais, desde segunda, sem prévio aviso, os candidatos aliados (PL, PC do B e PMN) à Câmara e ao Legislativo estadual.
O PT é responsável pela produção e pelo envio das fitas da coligação a serem exibidas no horário eleitoral. A direção do partido em Minas alegou que os aliados não estão contribuindo financeiramente com a campanha, motivo da exclusão dos candidatos a deputados federal e estadual aliados.
A direção nacional do PT entrou em ação ontem para resolver o problema, por determinação do presidente do partido, deputado José Dirceu (SP). Uma reunião acontecia no início da noite de ontem na sede do PT estadual, em Belo Horizonte, na tentativa de resolver a nova crise.
O PT mineiro não queria se coligar com o PL para a Assembléia Legislativa, mas houve intervenção da direção nacional e a coligação foi feita à força. Ainda: muitos liberais trocaram o candidato do PT a governador Nilmário Miranda pelo tucano Aécio Neves.
Desde segunda, aparecem nos programas eleitorais na TV apenas os candidatos petistas. Nos blocos que deveriam entrar os candidatos dos demais partidos, separadamente, foi veiculado um clipe com imagens do país e uma música "gentilmente cedida pelo cantor e compositor Vander Lee".
Revoltado, o PL acionou a sua direção nacional e ameaçou ir à Justiça Eleitoral contra o PT. Fábio Caldeira, secretário-geral do PL-MG, contestou a alegação de que os liberais e os outros partidos teriam que dar dinheiro para a campanha. Acusou os petistas de serem "inábeis".
"Não tinha acordo nenhum em relação a isso. No momento em que o Lula está bem e o Nilmário está crescendo eles fazem isso. Os principais cabos eleitorais são os candidatos a deputado. É uma infâmia essa atitude", afirmou Caldeira, que atacou: "Até hoje não sabemos quem comanda a campanha do PT em Minas".
Procurado pela Agência Folha, Márcio Grieco, da Executiva estadual do PT-MG e um dos coordenadores da campanha petista, disse que a cúpula estadual não iria se manifestar sobre o episódio.
O secretário nacional de Organização do PT, Sílvio Pereira, por telefone, disse que é "secundário o pequeno entrevero". Ele disse que a culpa é da direção nacional do PT, que não repassou todas as verbas e informações para a campanha em Minas.
Pereira afirmou que as direções de PL, PC do B e PMN assinaram um protocolo pelo qual parte do que elas arrecadarem na campanha nacional seria repassada para as campanhas em alguns Estados, entre eles Minas, para o gasto com toda a coligação -esse argumento foi usado pelo PC do B em Minas para reclamar do PT.
Só que, segundo Pereira, faltou a direção nacional do PT avisar ao diretório de Minas, que tem dificuldades financeiras para tocar a campanha. "José Dirceu mandou resolver o assunto em 24 horas."

Ibope
Pesquisa Ibope sobre a disputa eleitoral em Minas Gerais divulgada ontem indica que o petista Nilmário Miranda passou, numericamente, o peemedebista Newton Cardoso. Mas Aécio Neves (PSDB) se mantém isolado na frente, com 49%. Nilmário está agora dois pontos percentuais à frente de Newton. Ele subiu de 8% para 13%, enquanto o peemedebista caiu de 15% para 11%. Eles estão empatados tecnicamente.



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