São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 2006

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Notas de dólares para pagar dossiê eram novas, emitidas em abril, diz relatório

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apreendidas na última sexta pela Polícia Federal, eram novas as notas de dólares reservadas para a compra do dossiê contra o PSDB. Segundo o relatório de produção mensal do Bureau of Engraving and Printing, a casa da moeda norte-americana, as cédulas foram emitidas em abril deste ano.
E, de acordo com auto de apresentação e apreensão da PF, os maços ainda estavam envoltos pela cinta de papel da casa da moeda "impressa na cor dourada" quando foram apreendidos. No lacre, a inscrição "BEP - one hundreds - $ 10,000" - e uma orientação sobre a numeração das notas.
Segundo um especialista consultado pela Folha, o fato de serem recém-emitidas, sem sinais de circulação, facilitaria o rastreamento do dinheiro.
Como são proibidas negociações em dólar no país, a compra legal da moeda americana passa, obrigatoriamente, por uma instituição autorizada, seja banco ou casa de câmbio, e é registrada em contrato. O Banco Central tem o controle dessas operações.
Sem o contrato de câmbio, a compra seria ilegal. Segundo esse especialista, que preferiu não se identificar, embora muito difícil, não é impossível que o dólar chegue, legalmente, ao Brasil ainda acondicionado no lacre do BEP. Apesar disso, não se descarta a hipótese de o dinheiro ter sido sacado nos Estados Unidos, sem passar pelas mãos de um doleiro.
O que chama a atenção é o volume de dinheiro apreendido - US$ 139 mil - já que o limite individual para compra de dólares para viagens ao exterior é de US$ 10 mil.
Pelo auto de apreensão, esses maços continham US$ 10 mil (R$ 21.500), em cem notas de US$ 100. Num maço, por exemplo, as notas traziam os números seqüenciais de FF79176001A a FF79176100A. Num outro, a seqüência final era de 6201A a 6300A.
Segundo o site da Casa da moeda americana, essas notas integrariam um lote emitido há cinco meses, num total de US$ 25,6 milhões produzidos. O primeiro número de série é o FF73600001A. O último FF99200000 A.
A oposição questiona a origem do dinheiro supostamente destinado à compra de material contra tucanos. Além da não identificação de doleiro, ela reclama da ausência de registro do número de celular usado pelos dois emissários presos pela Polícia Federal.


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