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Senado paga salário de servidora que trabalha na sede do PT
Funcionária do gabinete de Tião Viana (PT) assessora o tesoureiro da sigla; senador afirma que ela atuava no PT para ele e que prática é comum nas demais legendas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ter seu salário pago
desde fevereiro deste ano pelo
Senado Federal, Silvania Gomes Temóteo, que é servidora
do gabinete do 1ª vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC), trabalha de fato na sede
nacional do PT, em Brasília, onde é assessora do tesoureiro do
partido, Paulo Ferreira.
Sua nomeação para o cargo
de assessora parlamentar-1
(AP-1) aconteceu no dia 13 de
fevereiro, alguns dias depois da
eleição da Mesa Diretora do Senado que elegeu Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência e Tião Viana para a 1ª vice-presidência. Desde então,
ela recebe R$ 6.773,41 mensais,
além de um auxílio alimentação de cerca de R$ 560.
Tião Viana não vê "desvio ético" em contratar uma assessora pelo gabinete enquanto ela
trabalha para o PT. Segundo o
senador, Silvania atendia ao
seu mandato atuando na máquina partidária. "Não conheço
um partido -do PMN ao PSOL,
passando pelo PSDB e outros-
que não use esse expediente",
afirmou o petista.
"Pecado político"
Para Tião, é importante que o
parlamentar acompanhe os
"debates partidários" sobre temas que podem ter relações
com seu mandato. "Eu, por
exemplo, sou contra o aborto.
Tenho de acompanhar o debate
do PT sobre o tema", afirmou.
"Se meu único pecado político é esse, sinceramente, tenho
certeza de que irei para o céu",
afirmou o senador.
Ele disse que, embora tenha
certeza de que não cometeu nenhuma irregularidade, já requisitou que a funcionária passe a
dar expediente exclusivamente
em seu gabinete.
Em entrevista ao jornal
"Correio Braziliense" de ontem, o senador disse que Silvania fazia a "interface" entre o
mandato e a organização
partidária.
Para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), companheiro de
partido de Tião e membro do
Conselho de Ética da Casa, a
decisão de trazer a servidora de
volta ao gabinete do Senado foi
"prudente" e "adequada".
Suplicy afirma, no entanto,
que "outros partidos têm escritórios na sede do Congresso
Nacional, com seus servidores
pagos pelo próprio Parlamento
e que prestam serviços
aos partidos".
Já para o senador José Agripino Maia (DEM-RN), líder do
partido, o fato de Silvania ser
contratada pelo gabinete e trabalhar no partido configura
"desvio de função". "Resta saber, porém, se de fato o trabalho exercido pela servidora tem
relação direta com a atuação
parlamentar dele [Tião Viana]", disse o senador.
A Folha telefonou ontem para a sede do PT em Brasília,
mas não encontrou Silvania. A
assessoria do partido afirmou
que ela não foi trabalhar. O tesoureiro Paulo Ferreira se encontrava em viagem internacional. A assessoria da 1ª vice-presidência também foi procurada e informou que a servidora esteve no gabinete na manhã
de ontem, exatamente para fazer a tal "interface" citada pelo
senador.
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