São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2004

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DEFESA

Rússia propõe compra de 50 aviões da Embraer em troca da escolha da Sukhoi

Licitação da FAB agita concorrentes

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de alguns meses inativo, o lobby das empresas que querem fornecer o novo caça supersônico da FAB (Força Aérea Brasileira) começou a se agitar novamente. Com a perspectiva de algum tipo de decisão por parte do Planalto, onde a solução do caso repousa desde março, os interessados começaram a se movimentar.
A Folha consultou três concorrentes e todos se amparam em sinais colhidos por seus lobistas de que o fim do período eleitoral levaria o governo a se preocupar com questões pendentes -a compra inclusive. Além disso, há o fato de a frota dos atuais caças Mirage estar para caducar até o fim de 2005. O governo, porém, afirma que nada está definido.
Da Rússia vieram as primeiras notícias. O influente jornal econômico "Kommersant" publicou ontem que o governo russo quer fazer uma troca entre caças da Sukhoi e aviões comerciais da Embraer -basicamente a mesma intenção que a Folha havia antecipado já no final de 2003.
A diferença, agora, é que o presidente russo, Vladimir Putin, visitará o Brasil em novembro e gostaria de celebrar algum tipo de acordo em sua estada. Na essência, o que os russos querem é comprar até 50 aviões da nova geração de jatos da Embraer, a 170/ 190, para a estatal Aeroflot.
Em troca dessa abertura, o Brasil escolheria o Sukhoi Su-35 para a FAB. O negócio não é tão simples quanto parece, até porque em tese a compra russa seria de maior valor do que a aquisição brasileira -estimada em pelo menos US$ 700 milhões, ainda que preveja uma relação comercial de até 30 anos. E existe o fato de a Sukhoi ser ela própria fabricante de potenciais rivais civis da Embraer, embora em princípio isso não inviabilize o negócio.
Aqui no Brasil, a Embraer tratou de dizer ontem por sua assessoria que a informação "não procede". E seu presidente, Maurício Botelho, disse em entrevista publicada ontem na "Gazeta Mercantil" que espera uma solução breve e favorável à Embraer.
A empresa oferece ao governo uma versão do caça francês Mirage-2000 em parceria com a construtora do avião, a Dassault -que é uma de suas acionistas.
Já o Su-35 é oferecido em parceria com a igualmente brasileira Avibrás. Na semana passada, o vice-presidente José Alencar foi levado, em visita a Moscou, a um escritório da empresa. Integrantes de sua delegação elogiaram o avião, o predileto dos pilotos pelo ângulo estritamente militar.
Concorre também com alguma chance o caça anglo-sueco Gripen. Por fora, sem chances até segunda ordem, estão o F-16 (Estados Unidos) e o MiG-29 (Rússia).


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