São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 2006 |
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Garcia diz não temer quanto à Bolívia e defende ampliação do Mercosul DA REPORTAGEM LOCAL
Leia trechos da entrevista: FOLHA - A campanha de Geraldo Alckmin critica a politização do Itamaraty e diz que isso fez o Brasil perder. O que dizer em resposta? MARCO AURÉLIO GARCIA - Essa afirmação é falaciosa. É uma tentativa de desqualificar a política externa que não está fazendo outra coisa senão retomar a velha tradição do Itamaraty, que é a do barão do Rio Branco [1845-1912], que é a tradição da política externa independente. Toda política externa, como o nome diz, tem um componente político. Poderia devolver dizendo que essa crítica está empapada de uma idéia que governos tentaram imprimir à política externa de que não tínhamos que nos aproximar da América do Sul, dos países do sul porque essa era uma visão ultrapassada. Mantemos hoje uma relação extraordinariamente forte com os EUA e a União Européia. O Reino Unido tem sido um grande aliado nosso, seja na ONU ou na OMC. Se o presidente Lula tivesse uma visão obsoleta da política externa, não estaria sendo convidado para três reuniões do G-8 -das quatro que aconteceram desde 2003. FOLHA - O que fazer, a curto prazo, para tirar o Mercosul da crise? O bloco permitirá que se negocie isoladamente com os EUA? GARCIA - Estamos oferecendo alternativas para isso. Alguns exemplos: o Congresso aprovou o Focen [fundo estrutural], que é um dos instrumentos de atenuar as assimetrias; estamos estudando mecanismos para melhorar a inserção de países como o Uruguai e o Paraguai. Quanto aos acordos, essa flexibilização existe dentro das regras do Mercosul, mas há limites. Não queremos criar constrangimento. O objetivo do Uruguai, de aumentar o comércio com os EUA, também é o nosso. Nossa política comercial registrou progressos com o sul e com países desenvolvidos. Se não fosse assim, não teríamos os resultados que temos. FOLHA - A negociação com a Bolívia pelo gás e pela indenização das
refinarias se arrasta. E o Brasil teve
surpresas negativas. Vai haver mais
surpresas, vai se acirrar?
FOLHA - Morales, Kirchner e Chávez declararam apoio a Lula. Não é
ingerência nos assuntos internos?
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