|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REVISÃO SOCIAL
Ministro da Educação diz que investimento na universidade pública gratuita não é distorção dos gastos sociais
Cristovam questiona estudo de Palocci
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Cristovam Buarque
(Educação) questionou ontem o
estudo do Ministério da Fazenda
em que os investimentos do governo nas universidades públicas
são considerados distorções dos
gastos sociais.
"A distorção que existe é que
muitas vezes as universidades não
formam as pessoas conforme o
país e o povo precisam. A universidade que forma as pessoas de
que o país e o povo precisam tem
de ser gratuita. O problema, portanto, não é que vai dinheiro público para a universidade estatal, e
sim se ela não presta um serviço
público", disse ele.
Na última sexta-feira, a Folha
mostrou que a Fazenda havia elaborado um roteiro para uma ampla reforma no gasto social do
país. Além do financiamento das
universidades federais, outro alvo
são as deduções dos gastos com
educação e saúde no Imposto de
Renda da Pessoa Física.
O embasamento do diagnóstico
do ministério é que a maior parte
dos alunos das universidades públicas é das classes mais altas. Ou
seja, o governo estaria bancando
os estudos dos mais ricos.
"Daqui a pouco vão querer que
a escola de oficiais do Exército e o
Instituto Rio Branco [que forma
diplomatas] sejam privatizados.
A pergunta é: o Brasil precisa de
diplomatas e de oficias do Exército? O Estado, então, tem de pagar
por eles. A premissa [correta] é a
quem a universidade presta serviço, e não a que aluno", afirmou
Cristovam, após uma solenidade
na Câmara dos Deputados.
"Se o filho do homem mais rico
do Brasil entrar na universidade
para ajudar a resolver o problema
da malária, ele não tem de pagar
pelos seus estudos. Ele tem de pagar é imposto para que a gente
possa manter a universidade pública", disse ele.
O presidente do PT, José Genoino, já afirmou que o partido é
contra o fim da universidade gratuita e a canalização dos gastos sociais apenas para as camadas menos favorecidas.
Genoino considera que o documento da Fazenda não representa
uma posição final do governo, e
sim um elemento para o debate.
O ministro da Educação foi na
mesma linha. "Isso aí [dito por
Genoino] é a posição do PT, do
presidente Lula. Acho o documento da Fazenda extremamente
positivo para ser analisado porque essa é a minha posição, mas a
gente não tem que ter dogmas",
disse ele, em tom conciliador.
O documento "Gasto Social do
Governo Central" está no site
www.fazenda.gov.br.
Texto Anterior: Previdência: CCJ não derruba a contribuição dos inativos Próximo Texto: Frases Índice
|