São Paulo, segunda-feira, 19 de novembro de 2007

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Energia deve ser tema de 1ª visita de Cristina Kirchner a Lula

Presidente eleita da Argentina chega hoje ao Brasil para sua primeira visita oficial; membros do novo ministério argentino irão comparecer ao encontro

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá hoje em Brasília a primeira-dama argentina Cristina Fernández de Kirchner, no que será a primeira visita da presidente eleita a um chefe de Estado desde a eleição, em 28 de outubro.
O objetivo da visita, segundo as palavras do chanceler argentino Jorge Taiana, é "impulsionar a aliança estratégica" entre os dois países. "Nossas relações com o Brasil são muito boas. E não é acaso que tenhamos escolhido Brasília como o primeiro destino da nossa presidente. É algo simbólico", afirmou.
Taiana acompanhará Cristina na visita. É esperado ainda que estejam presentes outros membros do gabinete, mas os nomes não foram confirmados.
A reunião, marcada para as 16h30, é definida como de "agenda aberta". Nas palavras de Taiana, se tratará de uma "visita de trabalho".
Um dos assuntos discutidos deve ser a maior integração energética entre os dois países. Ambos sofreram recentemente escassez de gás. A Argentina tem expectativa que a recente descoberta de reservas pela Petrobras incentive investimentos da estatal brasileira na exploração de novos recursos no país -a Petrobras é hoje uma das três maiores empresas do setor na Argentina.
Outro tema que estará em pauta é a desdolarização do comércio entre os dois países. O Brasil é o principal exportador e importador da Argentina e o fluxo do comércio entre os dois países deve superar neste ano os US$ 20 bilhões pela primeira vez na história. A Argentina, porém, tem demonstrado preocupação com o desequilíbrio na balança e pelo fato de ter recentemente sido ultrapassada pela China como segundo maior exportador para o Brasil.
A relação com outros países da América do Sul também deve ser abordada. Especialmente os laços da Argentina com o Uruguai, abalados pela instalação da papeleira finlandesa Botnia às margens do rio Uruguai, que motivou uma ação argentina na Corte Internacional de Haia contra o país vizinho. O Brasil tem se mantido até agora alheio à discussão, mas o tema deve se impor nas discussões da primeira Cúpula do Mercosul no governo Cristina, que acontece em dezembro.
A escolha de Brasília como primeira visita oficial de Cristina -ela esteve no Chile, mas como acompanhante de Néstor Kirchner para a Cúpula Ibero-Americana- pode representar mudança nas prioridades internacionais do governo argentino. Sob Kirchner, as relações com o Brasil ficaram em um segundo plano diante dos estreitos laços entre a Argentina e a Venezuela de Hugo Chávez.


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