|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Energia deve ser tema de 1ª visita de Cristina Kirchner a Lula
Presidente eleita da Argentina chega hoje ao Brasil para sua primeira visita oficial; membros do novo ministério argentino irão comparecer ao encontro
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá hoje em
Brasília a primeira-dama argentina Cristina Fernández de
Kirchner, no que será a primeira visita da presidente eleita a
um chefe de Estado desde a
eleição, em 28 de outubro.
O objetivo da visita, segundo
as palavras do chanceler argentino Jorge Taiana, é "impulsionar a aliança estratégica" entre
os dois países. "Nossas relações
com o Brasil são muito boas. E
não é acaso que tenhamos escolhido Brasília como o primeiro
destino da nossa presidente. É
algo simbólico", afirmou.
Taiana acompanhará Cristina na visita. É esperado ainda
que estejam presentes outros
membros do gabinete, mas os
nomes não foram confirmados.
A reunião, marcada para as
16h30, é definida como de
"agenda aberta". Nas palavras
de Taiana, se tratará de uma
"visita de trabalho".
Um dos assuntos discutidos
deve ser a maior integração
energética entre os dois países.
Ambos sofreram recentemente
escassez de gás. A Argentina
tem expectativa que a recente
descoberta de reservas pela Petrobras incentive investimentos da estatal brasileira na exploração de novos recursos no
país -a Petrobras é hoje uma
das três maiores empresas do
setor na Argentina.
Outro tema que estará em
pauta é a desdolarização do comércio entre os dois países. O
Brasil é o principal exportador
e importador da Argentina e o
fluxo do comércio entre os dois
países deve superar neste ano
os US$ 20 bilhões pela primeira
vez na história. A Argentina,
porém, tem demonstrado preocupação com o desequilíbrio na
balança e pelo fato de ter recentemente sido ultrapassada pela
China como segundo maior exportador para o Brasil.
A relação com outros países
da América do Sul também deve ser abordada. Especialmente os laços da Argentina com o
Uruguai, abalados pela instalação da papeleira finlandesa
Botnia às margens do rio Uruguai, que motivou uma ação argentina na Corte Internacional
de Haia contra o país vizinho. O
Brasil tem se mantido até agora
alheio à discussão, mas o tema
deve se impor nas discussões
da primeira Cúpula do Mercosul no governo Cristina, que
acontece em dezembro.
A escolha de Brasília como
primeira visita oficial de Cristina -ela esteve no Chile, mas
como acompanhante de Néstor
Kirchner para a Cúpula Ibero-Americana- pode representar
mudança nas prioridades internacionais do governo argentino. Sob Kirchner, as relações
com o Brasil ficaram em um segundo plano diante dos estreitos laços entre a Argentina e a
Venezuela de Hugo Chávez.
Texto Anterior: Ofensiva russa tenta vender armas ao Brasil Próximo Texto: Argentina: Para o jornal "La Nación", o Brasil "se converteu em potência" Índice
|