São Paulo, Domingo, 19 de Dezembro de 1999 |
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PAINEL Jogo alto e gancho... As críticas ao ministro Elcio Alvares (Defesa) foram só o pretexto para a demissão do comandante da Aeronáutica, Walter Brauer, anteontem. O nó da questão é a criação da Agência Nacional da Aviação Civil, que o brigadeiro, em oposição a Elcio Alvares, queria manter sob controle militar. ...para limpar a área O Planalto, anteontem, cogitava buscar um nome de fora do Alto Comando da Aeronáutica para comandar a força. A cúpula atual é muito identificada com Walter Brauer, segundo assessores do presidente. Cobrança Elcio Alvares (Defesa) ganhou a queda-de-braço com Brauer, mas continua mal das pernas. O ministro intercedeu em favor da Vasp, quando a Aeronáutica endureceu o jogo para receber as dívidas com a Infraero que o dono da empresa, Wagner Canhedo, não paga. Fracasso subiu à cabeça A Aeronáutica está enfraquecida para enfrentar o Planalto. Além de todos os atritos administrativos (Infraero, Embraer, agência de aviação etc.), os brigadeiros aceleraram o lançamento do Saci 2, a última boa notícia que poderiam dar em 99, e fracassaram. O satélite foi destruído no ar, com o foguete. Guerra jurídica O Ministério das Comunicações ainda não desistiu do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) em 2000. Tentará aprová-lo até março no Congresso e cobrá-lo 90 dias depois. Alegação: não vale o princípio da anualidade, pois se trata de uma taxa e não de um tributo. Sem saída Os tucanos espernearam e se descabelaram com o boicote do PMDB à votação do projeto que cria o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações. Ameaçaram recorrer a FHC. Ao ver que não teriam apoio oficial, ficaram quietos. Alavanca eleitoral Depois de ser feito de gato e sapato pelo PMDB, na votação do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, um senador do PSDB desabafou: "Não aguento mais ser tucano. Não pode reagir, não pode criar crise, não pode ter idéia". Os tucanos têm interesse na bolada de R$ 800 milhões que o fundo pode controlar em 2000, quando haverá eleições. Risco federal Anunciado por FHC, o final da fase das reformas pode prejudicar a votação do projeto que permite a cobrança previdenciária dos inativos do serviço público, avaliam líderes na Câmara. Deputados passariam a encarar a lei como a última chance para cobrar faturas. Outros 500 Entidades indígenas estão organizando para abril, durante as comemorações dos 500 anos, uma marcha até a Bahia. Os índios vão dizer que não têm nada a comemorar. Serão realizados atos públicos em Brasília, Salvador e Porto Seguro. Não tinha como negar A rigor, em 99, o Congresso apenas deu a FHC instrumentos para evitar o colapso do governo: CPMF, Cofins, aumento da alíquota do Imposto de Renda Pessoa Física, fator previdenciário e a cobrança dos inativos, em janeiro (o STF a derrubaria depois), quando o país estava à beira do abismo. Querem mais A bancada do PPB na Câmara anda insatisfeita com Pratini de Moraes (Agricultura), ministro da cota do partido no governo. Alegação: seria muito ausente dos assuntos congressuais. Em linguagem clara, participaria pouco do toma-lá-dá-cá. Tática conhecida Nos últimos dias de funcionamento da Câmara, havia deputados em número suficiente para votar matérias de interesse do governo: FEF, Lei de Responsabilidade Fiscal, PPA e Orçamento. O que não há é interesse em facilitar a vida de FHC. Foi um recado fisiológico. TIROTEIO Do ministro tucano Paulo Renato (Educação), sobre o jantar do PMDB, na última terça, no qual o governo foi bombardeado e até chamado de ""frouxo" (o que o peemedebistas negaram no dia seguinte): - Vou parodiar o João Gilberto: vaia de bêbado não vale. CONTRAPONTO Cuidando das bases A Comissão de Direitos Humanos da Câmara realizou recentemente uma audiência pública sobre drogas. Entre os convidados, o general Alberto Cardoso (Segurança Institucional) e Walter Maierovitch, secretário nacional Antidrogas. No plenário, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que defende a descriminação do uso da maconha, bateu duro na "Operação Mandacaru", uma iniciativa do governo federal para erradicar pés de maconha em Pernambuco. - É terrorismo cultural! - disse Gabeira, para espanto de Cardoso e Maierovitch. Gabeira prosseguiu, cada vez mais exaltado: - É uma operação inspirada no costume medieval de sair queimando tudo. E arrematou, provocando risos do general, do secretário e da platéia: - Se os lavradores do Acre tivessem fumado maconha, não teriam votado em Hildebrando Pascoal! Próximo Texto: Lanterna na Popa - Roberto Campos: As leis da política Índice |
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