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Disputa por cargos
abre crise no PT do Rio
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
A disputa por cargos federais no
Rio abriu uma crise no PT fluminense. Insatisfeitos com a lista oficial de indicações elaborada pelo
diretório regional e entregue ontem ao presidente nacional do
partido, José Genoino, sete deputados, entre os quais Chico Alencar, um dos líderes da esquerda
do PT fluminense, se rebelaram.
O grupo teve as indicações vetadas e enviará uma lista à parte.
"Achamos que deveríamos ser
ouvidos pelo partido, até porque
somos parlamentares, temos uma
história pública, mas isso não
aconteceu", afirmou a deputada
estadual Heloneida Studart.
A crise no PT-RJ é um exemplo
da dificuldade que o presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva
vem tendo para acomodar os petistas no governo.
O racha expõe ainda o apetite
por cargos federais do PT do Rio,
que já foi acusado pelo ex-governador Anthony Garotinho (PSB)
de ser o "partido da boquinha".
A Folha teve acesso à lista oficial
entregue a Genoino. São 304 nomes indicados para 258 cargos,
que vão desde diretorias da Petrobras e do BNDES até a de museus,
como o do Índio e o Villa-Lobos.
Há ainda cargos de indicação exclusiva da Presidência da República, como os presidentes de Furnas e da Eletrobrás.
O deputado federal Jorge Bittar,
que chegou a ser cotado para o
Ministério das Comunicações, é o
recordista das indicações -sugeriu 25 nomes. O presidente do PT
fluminense, Gilberto Palmares,
vem em segundo, com 20.
Bittar não foi encontrado para
falar sobre o assunto. Palmares
negou que tenha feito indicações
individualmente, mas apenas por
sua tendência, a Articulação.
A tendência, da qual faz parte a
governadora Benedita da Silva, foi
a que mais indicou: 69 pessoas. O
Refazendo, grupo da esquerda do
PT, escolheu 48 nomes. A Opção
Popular, do deputado federal
Carlos Santana, aparece em terceiro lugar, com 33 indicações.
"É legítimo o militante do partido querer ocupar cargos. Não pode dar é para os outros", disse
Santana, que indicou a própria
mulher, Tânia Regina Ferreira, na
presidência da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), mas voltou atrás. No lugar,
pôs o atual secretário estadual de
Transportes, Raul de Bonis.
Santana não foi o único a indicar parentes para o governo federal. O ator Antônio Pitanga, marido de Benedita, foi sugerido para
a Secretaria Nacional do Audiovisual. Já o senador Saturnino Braga
(PT) indicou o filho, Bruno Saturnino, para diretoria na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Bruno Saturnino é funcionário
concursado da CVM. "Por que
vou deixar de indicar o Bruno? Só
porque ele é meu filho? Cada um
deve indicar as pessoas que conhece e que sabe que têm as condições políticas e técnicas para o
cargo", disse o senador.
O candidato a vice na chapa
derrotada de Benedita ao governo, o antropólogo Luiz Eduardo
Soares, foi sugerido para a Secretaria Nacional de Segurança, e o
físico Luiz Pinguelli Rosa, para a
presidência de Furnas.
A lista ainda será avaliada pela
direção nacional do PT. Há um
mês, o diretório regional resolveu
abrir para os filiados a possibilidade de indicar nomes. Foram
enviados à sede do partido cerca
de 1.400 currículos.
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