São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

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ELEIÇÃO NA CÂMARA

Petista se diz "sacerdote do povo" e vai disputar presidência

Virgílio desafia direção do PT e lança a candidatura avulsa

LEILA SUWWAN
RICARDO WESTIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) oficializou ontem sua candidatura avulsa à presidência da Câmara anunciando o início de um duelo entre o candidato oficial da bancada petista e do governo, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), e o que chamou de "novo clero" da Casa, um movimento de deputados de baixa visibilidade, insatisfeitos com o poderio do Planalto no Congresso.
O dia era aguardado com tensão, e os rumores de desistência prevaleciam até o último minuto. Depois de vários dias de sumiço e de suspense sobre sua decisão, Virgílio chegou ao Congresso inflado e declarou: "Sou o sacerdote do povo". Seu objetivo declarado é mudar as regras do jogo político da Câmara, desafiando as ordens partidárias e o tratamento dispensado hoje pelo governo.
A candidatura, porém, nasceu de uma mágoa pessoal pelo veto a seu nome no processo de escolha de Greenhalgh na bancada. Ganhou embalo na política mineira e com aliados insatisfeitos.
O PT distribuiu pela manhã um abaixo-assinado com 87 dos 90 deputados da bancada confirmando Greenhalgh como escolha consensual. Só não assinaram o manifesto o próprio Virgílio e os deputados Ivo José (PT-MG) e Jorge Boeira (PT-SC).
Os governistas evitavam falar de retaliação, mas o rumo está marcado: ele não deve ter a legenda PT na cédula e pode ser punido após a eleição, em 14 de fevereiro.
"Sou o deputado que mais representa o PT na Câmara", disse em discurso. "Minha candidatura une a base aliada e dialoga com a oposição. Minha candidatura é uma solução para o governo."
Sobre o abaixo-assinado, foi debochado: "Até ontem não era candidato, não sei por que não pediram minha assinatura".
Rodeado por seu grupo de apoio, o movimento "Câmara Forte", tentou se esquivar de perguntas que citavam o risco à governabilidade. "A governabilidade tem que ser alcançada com diálogo e cooperação", afirmou. "Isso é o que assusta e espanta. Não estão acostumados a buscar apoio nas bases", disse.
O petista se recusou a responder o que seria esse "novo clero", o que o une e que interesses defende, além da "revolta".
"Esses clérigos que estão aqui têm uma maneira nova de atuar, têm um comportamento desconcertante para aqueles que estavam acostumados com as velhas categorias", disse, repelindo a desimportância do grupo.


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