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ELEIÇÃO NA CÂMARA
Petista se diz "sacerdote do povo" e vai disputar presidência
Virgílio desafia direção do PT
e lança a candidatura avulsa
LEILA SUWWAN
RICARDO WESTIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Virgílio Guimarães
(PT-MG) oficializou ontem sua
candidatura avulsa à presidência
da Câmara anunciando o início
de um duelo entre o candidato
oficial da bancada petista e do governo, Luiz Eduardo Greenhalgh
(PT-SP), e o que chamou de "novo clero" da Casa, um movimento
de deputados de baixa visibilidade, insatisfeitos com o poderio do
Planalto no Congresso.
O dia era aguardado com tensão, e os rumores de desistência
prevaleciam até o último minuto.
Depois de vários dias de sumiço e
de suspense sobre sua decisão,
Virgílio chegou ao Congresso inflado e declarou: "Sou o sacerdote
do povo". Seu objetivo declarado
é mudar as regras do jogo político
da Câmara, desafiando as ordens
partidárias e o tratamento dispensado hoje pelo governo.
A candidatura, porém, nasceu
de uma mágoa pessoal pelo veto a
seu nome no processo de escolha
de Greenhalgh na bancada. Ganhou embalo na política mineira
e com aliados insatisfeitos.
O PT distribuiu pela manhã um
abaixo-assinado com 87 dos 90
deputados da bancada confirmando Greenhalgh como escolha
consensual. Só não assinaram o
manifesto o próprio Virgílio e os
deputados Ivo José (PT-MG) e
Jorge Boeira (PT-SC).
Os governistas evitavam falar de
retaliação, mas o rumo está marcado: ele não deve ter a legenda
PT na cédula e pode ser punido
após a eleição, em 14 de fevereiro.
"Sou o deputado que mais representa o PT na Câmara", disse
em discurso. "Minha candidatura
une a base aliada e dialoga com a
oposição. Minha candidatura é
uma solução para o governo."
Sobre o abaixo-assinado, foi debochado: "Até ontem não era
candidato, não sei por que não
pediram minha assinatura".
Rodeado por seu grupo de
apoio, o movimento "Câmara
Forte", tentou se esquivar de perguntas que citavam o risco à governabilidade. "A governabilidade tem que ser alcançada com
diálogo e cooperação", afirmou.
"Isso é o que assusta e espanta.
Não estão acostumados a buscar
apoio nas bases", disse.
O petista se recusou a responder
o que seria esse "novo clero", o
que o une e que interesses defende, além da "revolta".
"Esses clérigos que estão aqui
têm uma maneira nova de atuar,
têm um comportamento desconcertante para aqueles que estavam acostumados com as velhas
categorias", disse, repelindo a desimportância do grupo.
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