São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

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SALDO ELEITORAL

Partido emitiu pré-datados no Maranhão na campanha do ano passado; para tesoureiro, há exploração política

PT usa cheque sem fundos para pagar conta

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT do Maranhão emitiu cheques sem fundos para cobrir gastos da campanha do ano passado. Só a Opendoor Comunicação -responsável pela criação visual de programas de rádio e TV na capital e em mais 15 cidades- recebeu oito cheques sem fundo, num total de R$ 564 mil.
Segundo o presidente da empresa, Rogério Ferreira, os cheques, da conta do diretório do PT, foram entregues em agosto, para desconto nos três meses seguintes. Não foram cobertos.
Outra credora é a gráfica Aquarela, cujo crédito soma R$ 370 mil, diz Ferreira. Roberto Moreira, dono da gráfica, não quis confirmar.
Ontem, as duas divulgaram nota na qual informam ter sido contratadas pelo diretório para "prestação de serviços publicitários e gráficos". Mas, por "motivos alheios à vontade do PT, os prazos não puderam ser cumpridos". O PT pediu a prorrogação dos prazos "a partir de janeiro de 2005".
Segundo Ferreira e Moreira, o PT se comprometeu a pagar a partir da semana que vem. De Luís Henrique Sousa, tesoureiro do partido, dizem ter recebido a garantia de que a direção nacional assumiria o compromisso. "Agora, é rezar para o PT pagar. Se não, eu quebro", disse Ferreira.
O presidente estadual do PT, Washington Luís Oliveira, admitiu que o diretório encerrou a eleição com uma dívida de "mais de R$ 1 milhão", mas "uns R$ 400 mil" já tinham sido pagos. "Quem é que não tem dívida de campanha? Todos os partidos têm. Já pagamos muitas dívidas. Ainda faltam muitas outras."
Sousa argumenta que os gastos foram assumidos de acordo com um orçamento aprovado pelo tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares. E que a direção nacional apresenta, na segunda-feira, uma proposta de calendário para honrar "esses restos a pagar".
Tanto para o presidente como para o tesoureiro do PT, estão explorando politicamente o problema. "O problema está administrado. Estão fazendo uso político disso, no jornal ligado aos Sarney", alegou Washington, referindo-se à reportagem publicada ontem no Estado do Maranhão.
No Estado, o problema veio à tona porque a Opendoor trocou os cheques em escritórios de factoring (que antecipam pré-datados com desconto de valor).
Um dos cheques, de R$ 90 mil e com data de 20 de outubro, parou nas mãos de Júlio Rodrigues, dono da Lithograf. "Estava sem fundos. Reapresentei. Voltou. Agora, troquei na Opendoor. Por outro sem fundos", lamenta. Ontem, o cheque estava estampado no jornal do Estado. "Isso aqui está um caldeirão. Estão fazendo uso político disso", insistiu o tesoureiro, sem revelar o valor nem a quantidade de cheques emitidos.


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