|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em bate-boca no Senado, ACM acusa
petistas de terem matado Celso Daniel
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma provocação do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), ao governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), gerou uma troca de ataques entre o petista e a oposição,
no plenário da Casa, envolvendo
políticas públicas, denúncias de
corrupção e até acusações de assassinato. Um dos momentos de
maior exaltação foi quando o senador Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA) acusou petistas de terem assassinado o prefeito de
Santo André Celso Daniel (PT),
morto em 2002, e de estarem encobrindo o crime.
"A CPI dos Bingos está desmascarando os atos lesivos ao país
acobertados pelo PT, até mesmo
os crimes praticados pelos petistas com seus correligionários, como já está muito claro no assassinato do prefeito Celso Daniel e do
Toninho de Campinas", afirmou
o senador pefelista.
Mercadante havia criticado a
comissão por não investigar o jogo no país, motivo formal para
sua criação, e se concentrar, segundo ele, em disputas partidárias. Uma das questões investigadas pela CPI dos Bingos, também
conhecida como "CPI do fim do
mundo", é o assassinato do prefeito de Santo André.
"Eu só quero pedir a Vossa Excelência -oito já foram mortos- que não matem mais ninguém por causa desse crime do
Celso Daniel. O garçom, coitado,
foi morto. O legista, já está provado que não houve suicídio. Nesse
caso, o melhor é se calar", disse
ACM ao líder do governo.
Mercadante, aos gritos, tentava
interromper o pefelista. "Vocês
mataram quem? Quem matou?
Vossa Excelência está mencionando o meu envolvimento em
alguma questão? Quem está encobrindo o quê?", questionava.
Críticas a Alckmin
O pavio foi aceso quando Mercadante leu, na tribuna, uma carta
escrita pelo deputado estadual
Romeu Tuma Jr. (PMDB-SP) criticando o governador de São Paulo por ter vetado projeto de lei,
aprovado pela Assembléia Legislativa, que proibia as máquinas de
caça-níqueis em bares e restaurantes de todo o Estado.
"Alckmin prova que não tem
compromissos com o combate à
corrupção, à degradação familiar,
nem com a violência doméstica e
a segurança pública. Azar do Brasil. Essas pessoas, que são vítimas
da contravenção, com certeza não
pensarão duas vezes na hora de
decidir em quem votar", diz o documento do peemedebista.
Mercadante é pré-candidato do
PT ao governo de São Paulo, e
Alckmin, à Presidência da República. A justificativa dada para o
veto foi que a medida teria que ser
definida por legislação federal.
Para Tuma, o crime organizado
está por trás da exploração das
máquinas caça-níqueis.
O presidente do PSDB, senador
Tasso Jereissati (CE), acusou
Mercadante de "cinismo" e "cara-de-pau" por tentar "enlamear" os
outros partidos depois das denúncias de corrupção contra o
PT, que começaram em 2004,
contra o então assessor da Casa
Civil Waldomiro Diniz, e culminaram no escândalo do "mensalão", desde junho de 2005.
"Este país está destroçado, não
dá mais para agüentar isso. Mercadante, não dá mais para te
agüentar. Tchau", afirmou Tasso,
encerrando seu discurso.
Apesar dos ataques pessoais, os
três senadores se cumprimentaram ao final do debate, que durou
mais de uma hora.
"Acusações fazem parte do jogo
político, mas quando são disfarçadas são menos éticas. A mais
perigosa é quando ela não é colocada de frente, é em um contexto
aparentemente inocente", afirmou Tasso.
Mercadante voltou à tribuna,
dessa vez para rebater as acusações. "Tasso, Vossa Excelência às
vezes se excede no debate. Sou
oposição no meu Estado, então
me posiciono, fiscalizo e cobro",
disse o petista.
Texto Anterior: Câmara não votará na maior parte do ano, afirma Aldo Próximo Texto: Controvérsias marcam morte de Celso Daniel Índice
|