|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sarney aceita ser nome do PMDB à sucessão no Senado
Em reunião com senador, Lula diz que respeita decisão do partido; Planalto deve trabalhar para evitar disputa com PT
Petista Tião Viana diz que não desistirá de candidatura nem a pedido do presidente; segundo aliados, Sarney já conta com 58 dos 81 votos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador José Sarney (AP)
disse ontem ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva que o
PMDB disputará a presidência
do Senado em 2 de fevereiro.
Afirmou ainda que o partido
deseja que ele seja o candidato.
Lula, segundo a Folha apurou, respondeu que respeitava
a decisão do PMDB. Agora, o
Palácio do Planalto passa a administrar a possibilidade de
um eventual confronto entre
Sarney e o candidato do PT,
Tião Viana (AC).
Ao longo do dia, Tião repetiu
em vários momentos que não
desistiria, nem mesmo a pedido de Lula. O Planalto ainda
deverá trabalhar para evitar
que a disputa entre PT e PMDB
chegue ao plenário. Mas o próprio Sarney já disse a aliados
que enfrentará o petista, se for
necessário. Deixou claro para o
presidente que será o candidato assim que for oficializado
pelo PMDB, que não abre mão
de ter um nome na disputa.
Segundo aliados, o peemedebista conta já com 58 dos 81 votos e que, portanto, Tião não
seria páreo para um Sarney decidido a concorrer.
A pressão da ala do Senado
pela candidatura de Sarney é
forte. Esse grupo avalia que
precisa de uma forte posição de
mando para ter influência nos
dois últimos anos do governo
Lula e na costura de alianças
para as eleições de 2010.
Além disso, motivos pessoais
estimulam o peemedebista a
concorrer. Sarney, dizem aliados, quer a visibilidade do cargo para recuperar o prestígio
político do clã no Maranhão,
que está enfraquecido, como ficou claro nas eleições municipais de 2008, quando o PMDB
elegeu apenas 16 prefeitos.
Além disso, o comando do
Senado daria ao ex-presidente
da República força para tentar
interferir nas investigações da
Polícia Federal envolvendo um
filho dele. Há suspeita de caixa
dois nas eleições de 2006 de
uma empresa comandada por
Fernando Sarney.
A entrada de Sarney na disputa pela presidência do Senado pode embaralhar o jogo na
Câmara dos Deputados. Lá, o
favorito até agora era o deputado Michel Temer (SP), também do PMDB. A ideia de um
partido controlar o Congresso
inteiro não é bem recebida pelos outros partidos. O Planalto
manterá a pressão para que o
PT apoie a candidatura de Temer, que é avalizada por Lula.
Esta foi a quarta conversa de
Lula com Sarney para discutir
a sucessão no Senado. Nas três
anteriores, o peemedebista disse que não seria candidato, embora atuasse nos bastidores para se viabilizar como tal. Ontem, Sarney chegou ao Planalto
por volta das 19h e teve que esperar pelo presidente por mais
de uma hora, pois Lula estava
em uma reunião com as centrais sindicais. Eles conversaram por cerca de uma hora.
Na quinta, Sarney recebeu a
ministra Dilma Rousseff em
sua casa, e a ela deu indicações
fortes de que seria candidato.
(KENNEDY ALENCAR, LETÍCIA SANDER, ADRIANO CEOLIN E SIMONE IGLESIAS)
Texto Anterior: Secretaria comanda a vitrine do governo na área da educação Próximo Texto: Lula responderá sobre caso Battisti ao presidente da Itália por carta Índice
|