São Paulo, quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

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PMDB quer acelerar aliança eleitoral com PT

Para peemedebistas, quanto mais o tempo passar, mais o partido corre risco de perder valor na união e chance da vice com Temer

Cúpula da sigla, que se reúne hoje em jantar, acredita que, se Dilma se fortalecer, o PT pode acabar relativizando o apoio formal do PMDB


FERNANDO RODRIGUES
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preocupado com o fortalecimento da pré-candidatura de Dilma Rousseff pelo PT a presidente da República, o PMDB deseja acelerar o projeto de estar unido aos petistas nas disputas eleitorais de 2010.
O assunto será discutido hoje à noite, em Brasília, num jantar da cúpula do PMDB. Devem estar presentes os presidentes da Câmara, Michel Temer (SP), do Senado, José Sarney (AP), os líderes do partido no Congresso e alguns interessados diretos na disputa deste ano, como o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (pré-candidato ao governo da Bahia), e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (filiado no ano passado).
A avaliação entre dirigentes do PMDB é que, quanto mais o tempo passar, mais o partido corre o risco de perder valor na pretendida coalizão com o PT visando a eleição presidencial em outubro. Dilma, numa hipótese otimista para o PT, ficaria forte a ponto de relativizar a necessidade de apoio formal dos peemedebistas.
Essa desvalorização do PMDB ainda não ocorreu, pois Dilma continua 14 pontos percentuais atrás do tucano José Serra -segundo os cenários mais prováveis apurados na pesquisa Datafolha de dezembro. Ou seja, o melhor no momento é vender o apoio para o PT, enquanto a adesão peemedebista está em alta.
O presidente nacional peemedebista, Michel Temer, vocaliza o espírito do jantar de hoje: "O PMDB deseja transformar o pré-acordo com o PT em acordo definitivo". Temer é o nome mais cotado para ser indicado como candidato a vice-presidente de Dilma.
Ocorre que o presidente Lula sugeriu no ano passado que o PMDB deveria preparar uma lista tríplice com opções de candidatos a vice. A proposta causou desconforto na cúpula peemedebista.
"O candidato a vice-presidente do PMDB é Michel Temer. Não tem outro. Isso ficará claro na reeleição dele como presidente do partido, em março, quando deverá ter perto de 85% de apoio na nossa convenção nacional", diz o líder peemedebista na Câmara, Henrique Alves (RN), que estará presente no jantar.
A partir de março, no entender de Henrique Alves, "não se segura mais" o anúncio da chapa Dilma-Temer para o Planalto. "Mas antes é necessário acertarmos as situações nos Estados, onde há ainda divergências entre o PT e o PMDB."
A reeleição de Temer para comandar o partido é parte da estratégia para tornar irreversível sua indicação como candidato a vice-presidente.
"A ideia inicial era que eu me candidatasse [para a presidência do PMDB], mas combinamos que ele [Temer] deve continuar, até para fortalecê-lo na vice. A unidade neste momento é a coisa mais importante", afirmou o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), um dos dirigentes da legenda.
O ponto "número um" da pauta do jantar a respeito de alianças eleitorais nos Estados é Minas Gerais, diz Henrique Alves. Neste Estado, o PMDB quer lançar candidato ao governo o ministro das Comunicações, Hélio Costa.
O PT tem também dois pré-candidatos: o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. "Nossa proposta é que seja feita uma pesquisa, e o mais viável seja o candidato com o apoio dos dois partidos", diz Alves.


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